2025-03-15
IDOPRESS
O presidente dos EUA,Donald Trump — Foto: Mandel NGAN / AFP/12/03/2025
GERADO EM: 14/03/2025 - 19:04
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Os Estados Unidos anunciaram que vão expulsar o embaixador da África do Sul em Washington,declarou nesta sexta-feira o secretário de Estado Marco Rubio,acusando-o "de odiar o país e o presidente" Donald Trump.
Crise de saúde: Após Trump anunciar congelamento de ajuda internacional,clínicas de tratamento de HIV são fechadas na África do SulPaís lidera o bloco: África do Sul manterá iniciativa sobre bioeconomia quando assumir G20 em 2025,diz representante sul-africano
"Não temos nada a discutir com ele,por isso o consideramos 'persona non grata'",publicou Rubio na rede social X sobre o embaixador Ebrahim Rasool,a quem chamou de "político racista".
Durante um evento do G20 na África do Sul no mês passado,o presidente do país,Cyril Ramaphosa,disse que teve uma ligação "maravilhosa" com Trump logo depois que o líder dos EUA assumiu o cargo em janeiro. Mas as relações mais tarde "pareceram sair um pouco dos trilhos",disse ele.
A expulsão é o mais recente acontecimento nas crescentes tensões entre Washington e Pretória. Em fevereiro,Trump congelou a ajuda dos EUA à África do Sul,citando uma lei no país que,segundo ele,permite que terras sejam confiscadas de fazendeiros brancos.
No mês de janeiro,a África do Sul aprovou uma lei que dava ao governo o poder de,em algumas circunstâncias,expropriar terras,sem o direito à compensação,caso ela não esteja sendo usada,ou caso haja interesse público em sua redistribuição. As autoridades afirmam que a lei não é uma porta aberta para a tomada de qualquer terra,e determina que o proprietário seja procurado e se tente chegar a um acordo.
A terra é um dos temas mais sensíveis da sociedade sul-africana. Durante o regime do apartheid,que terminou em 1994,muitas pessoas negras ou "não brancas" foram expulsas de suas propriedades,que passaram para o controle de brancos — segundo estimativas do governo,fazendeiros brancos controlam dois terços das terras cultivadas da África do Sul,apesar de serem apenas 8% da população.
Apesar das explicações da África do Sul,Trump e seus aliados veem a medida como uma forma explícita de discriminação,em especial o bilionário e hoje funcionário do governo americano,o sul-africano Elon Musk. Há anos ele faz críticas ao que chama de "genocídio" contra os brancos no país,citando assassinatos de fazendeiros — para especialistas,as mortes têm relação não com supostos crimes de ódio,mas sim com os elevados níveis de violência.
A Casa Branca ainda determinou ao Departamento de Estado que estude a inclusão de fazendeiros brancos "que sejam vítimas de discriminação racial injusta" no programa de refugiados dos Estados Unidos.
O texto menciona o papel da África do Sul no processo contra Israel pelo crime de genocídio,ligado à guerra em Gaza e atualmente em curso na Corte Internacional de Justiça. Em fevereiro,Trump assinou uma ordem executiva impondo sanções a membros do Tribunal Penal Internacional,que em novembro do ano passado emitiu ordens de prisão contra o primeiro-ministro de Israel,Benjamin Netanyahu,o então ministro da Defesa,Yoav Gallant,e o comandante do Hamas,Mohammed Deif,que foi morto em combate.
"Os Estados Unidos não podem apoiar a comissão de violações de direitos do governo da África do Sul em seu país ou sua política externa de enfraquecimento dos Estados Unidos,que representa ameaças à segurança nacional de nossa Nação,nossos aliados,nossos parceiros africanos e nossos interesses",diz o decreto.
A suspensão da ajuda,estimada em US$ 400 milhões (R$ 2,32 bilhões) por ano,põe em risco o principal programa para a iniciativa anti-HIV no país,onde cerca de 12% da população tem o vírus. O plano já estava ameaçado pela decisão de Trump de congelar a ajuda externa americana,anunciada em janeiro,e algumas clínicas já fecharam. De acordo com o Congresso americano,os EUA enviaram cerca de US$ 8 bilhões (R$ 46 bilhões) em ajuda à África do Sul nas últimas duas décadas.