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Prestes a completar 70 anos, Cinemateca do MAM reabre modernizada e com sessões gratuitas

2025-03-13 HaiPress

Cena do filme 'A cor do seu destino' (1986),de Jorge Durán,exibido na Cinemateca do MAM — Foto: Leo Martins/Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 12/03/2025 - 16:01

Cinemateca do MAM reabre com modernizações e programação gratuita

A Cinemateca do MAM,referência para cinéfilos e cineastas brasileiros,reabre após oito meses com modernizações,como projetor 4K e som Dolby Atmos,mantendo projetores 35mm. Prestes a completar 70 anos,o espaço oferece programação gratuita com filmes inéditos e restaurados. A reforma,custeada por editais públicos,incluiu sistemas de acessibilidade. A Cinemateca reafirma seu papel na preservação da memória do cinema.

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Referência para gerações de cinéfilos — e cineastas — brasileiros,a Cinemateca do MAM reabre hoje,após oito meses fechada,com um olho no futuro e outro no passado. Prestes a completar 70 anos,em julho,o espaço no Museu de Arte Moderna,no Aterro,ganhou sofisticados equipamentos de imagem e som,mas sem deixar de lado os antigos projetores de filmes 35mm. A seleção de filmes,toda gratuita,também reflete essa ideia e vai desde filmes inéditos — como a pré-estreia,hoje,de “Salomé” (2024),de André Antônio,que ganhou oito prêmios no último Festival de Brasília— a obras restauradas,como “A cor do seu destino” (1986),e clássicos atemporais,entre eles “Um corpo que cai” (1958),de Alfred Hitchcock.

Novidade: CCBB abre nova exposição com obras inéditas do brasiliense Antonio ObáFique por dentro: siga o perfil do Rio Show no Instagram (@rioshowoglobo),assine a newsletter semanal e entre no canal do WhatsApp

Morto em fevereiro,Cacá Diegues — um dos nomes que,assim como Walter Lima Jr e Leon Hirzman,passaram pela sala de exibição primeiro como espectadores,depois como diretores — será homenageado na abertura com a exibição do curta “Cinema Teatro Íris”. As entradas para hoje estão esgotadas,mas é possível retirar ingressos para outros filmes no site do MAM.

Com a missão de preservar a experiência e a história do cinema,a Cinemateca trabalha,desde 1948,com o arquivo e a restauração de filmes. O acervo tem mais de sete mil títulos em 35mm e 16mm e cerca de 60 mil em base analógica e digital e em mídias óticas,além de uma coleção documental com cerca de três milhões de itens. Desde o início das exibições,em 1955,a Cinemateca se coloca como um local de debate e reflexão,tendo se tornado um importante espaço de resistência durante a ditadura militar.

— A primeira missão da Cinemateca é apresentar [os filmes],mas o espaço não pensa a sua programação dissociada desse aspecto formativo. Todo mês tem atividade,presencial ou online,que,de alguma maneira,vai debater,refletir,estimular,trazer referência — afirma o professor e pesquisador Hernani Heffner,há cinco anos gerente da Cinemateca,onde trabalha desde 1983.

Cinemateca do MAM reabre modernizada no ano de seu septuagésimo aniversário — Foto: Júlia Aguiar/Agência O Globo

Financiada por meio de dois editais públicos da Prefeitura do Rio via Lei Paulo Gustavo,a reforma,que custou R$ 790 mil,trouxe modernidades para o auditório,onde seguem mantidas as 180 icônicas cadeiras do arquiteto Sérgio Bernardes. Agora,a sala é equipada com uma tela híbrida capaz de oferecer visualização de alta qualidade tanto para a película quanto para os filmes recentes,um novo projetor 4K e um sistema de som voltado para o padrão Dolby Atmos. Com equipamentos de todas as eras do cinema,a sala pode ser considerada a mais completa da cidade,já que pode exibir,do jeito que foram produzidos,filmes do século XIX ao XXI.

— A versatilidade da Cinemateca,nenhuma outra tem no Rio. Se a gente pegar um filme dos irmãos Lumière em 35mm,do jeito que ele foi feito em 1895,a gente projeta,assim como filmes em VHS,DVD,Laser Disk,Blu-ray,Beta,U-matic — enumera Heffner.

A reforma também incluiu a compra de um sistema de acessibilidade que permite que pessoas com deficiência assistam a filmes em sessões não adaptadas,a partir de aparelhos individuais que atendem às suas necessidades específicas.

Missão

Desde a pandemia,a Cinemateca organiza mostras online e programações educativas virtuais. Além disso,no ano passado a instituição firmou parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil,que cedeu uma de suas salas para a curadoria do MAM. Bem-sucedidas,as iniciativas seguem em cartaz.

— Com o on-line,chegamos ao Amapá e também ao Rio Grande do Sul. É um instrumento de democracia em termos de acesso. E espero que,no futuro,a gente tenha mais salas constituindo o circuito da Cinemateca na cidade — torce Heffner.

A programação da reabertura reúne pré-estreias e filmes restaurados para aproveitar os novos equipamentos,além de sessões com debates e a mostra “Semana de incontornáveis”.

Cena do filme "Um corpo que cai" (1958) — Foto: Divulgação

— A Cinemateca quis dar visibilidade a filmes antigos,na verdade,para a gente,não são do passado,mas do presente eterno do cinema,e,ao mesmo tempo,exibir filmes que ainda não foram vistos no Rio — explica o curador do espaço,o professor e crítico de cinema do GLOBO Ruy Gardnier,acrescentando que a programação busca contemplar a maior diversidade de nacionalidades e épocas do cinema.

Para julho,quando a Cinemateca completa 70 anos,os organizadores preparam um evento especial,que inclui homenagem “às nossas origens”,obras inéditas e a cessão do espaço para outras formas de arte. Entre elas,o espetáculo “Trópicos mecânicos (Mueda)”,que homenageia o cineasta Ruy Guerra.

Diante do furor acerca de “Ainda estou aqui”,de Walter Salles,que acaba de ganhar o primeiro Oscar brasileiro,a Cinemateca reafirma sua importância como lugar de preservação da memória do cinema.

— Arquivos são fundamentais para que as pessoas não vejam “Ainda estou aqui” só hoje,mas possam ver daqui a 50,100,200 anos — finaliza Heffner.

Programe-se

Março

No mês de reabertura,a Cinemateca do MAM exibe inéditos,obras restauradas em 4K,além das mostras “Cineclube Futura” (21 a 23) e “Incontornáveis” (26 a 30),com clássicos como “Um corpo que cai” (1958),de Alfred Hitchcock (dia 29),e “Quando duas mulheres pecam” (1966),de Ingmar Bergman (dia 26). A seguir,destaques da primeira semana. Sex: às 18h30,“O assalto ao trem pagador” (1962),de Roberto Farias. Sáb: às 16h,“O desprezo”,de Jean-Luc Godard. Às 18h10,“O pequeno exército louco” (1984),de Lúcia Murat. Dom: às 16h20,“Cuadecuc,vampiro” (1971),de Pere Portabella. Dia 20: “A cor do seu destino” (1986),às 18h30.

Cena de 'Persona',de Ingmar Bergman — Foto: Divulgação

No CCBB,segue em cartaz a mostra “Outras paisagens: western à brasileira e à francesa”,até o dia 31.

Abril e maio

Mês que vem,há uma homenagem ao pioneiro cineasta maliano Souleymane Cissé,morto em fevereiro,e uma retrospectiva da obra do austríaco Otto Preminger (“Anatomia de um crime”,de 1959). Também rola a 14ª edição do International Uranium Film Festival. Na sala do CCBB,chegam as mostras “Tempos de globalização” e “O cinema vindo de Łódź”,de filmes poloneses. Em maio,o espaço parceiro recebe a mostra “Fotografia,fotógrafos,fotofilmes”.

Vem por aí

Para este ano,estão previstas uma retrospectiva da obra do holandês Paul Verhoeven (“Robocop”),a mostra “Repensar a história do cinema brasileiro”,e três mostras como parte da “Temporada da França no Brasil”.

Ingressos

Retirada através do site do museu a partir do início de cada mês,quando é divulgada a programação. Em caso de lotação,há fila de espera no local. No CCBB,os ingressos podem ser retirados no dia da sessão a partir das 9h na bilheteria ou no site. Sempre grátis.

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