Casa Educação online Jogo ao vivo Informação de negócios contribuição predial notícias econômicas notícias internacionais Tecnologia Moda Entretenimento Vida Carro Hotel Educação Física Comida Inteligente Pai-filho Saúde Brigada Cultural

'Nos EUA, a verdade está sob ataque há muito tempo', diz Mitch Albom, autor de 'O pequeno mentiroso'

2025-03-12 HaiPress

Rememorando sua vida,Mitch Albom se lembra de quando fazia cover de Elvis na Grécia: 'Por vezes,penso que deveria ter ficado por lá minha vida inteira' — Foto: Divulgação/Jesse Nesser

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 11/03/2025 - 21:43

Novo Livro de Mitch Albom Explora Verdade e Antissemitismo na Grécia Nazista

No romance "O pequeno mentiroso",lançado no Brasil,Mitch Albom aborda a crise da verdade e o antissemitismo. A trama,narrada pela própria Verdade,segue Nico,um menino manipulado por um nazista na Grécia ocupada,levando sua família aos campos de concentração. Mitch Albom destaca a atualidade dos temas,refletindo sobre a verdade nos EUA e o perigo do antissemitismo persistente.

O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.

CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO

Em meio ao que ele enxerga como uma crise da verdade,o escritor americano Mitch Albom buscou a voz da Verdade. É ela que narra “O pequeno mentiroso”,romance recém-lançado no Brasil em que a mentira tem um papel central. Na Grécia ocupada pelos alemães,um menino judeu de 11 anos é manipulado por Udo,um oficial nazista que lhe garante que ele poderá rever sua família se convencer outros judeus a irem até a estação de trem e embarcarem para “novos lares”. Só depois o pequeno Nico descobre que havia enviado sua própria família e outras milhares de pessoas para os campos de concentração.

Na ABL: Com auditório lotado,Fernanda Montenegro arranca lágrimas e risos em recitalEm resposta à invasão russa: Literatura ucraniana passa por 'fase documental' e chama a atenção de editoras mundo afora

Carregando a culpa pelo resto da vida,ele promete a si mesmo nunca mais dizer a verdade. Paralelamente,a trama acompanha seu irmão Sebastian,que sobrevive a Auschwitz,mas se sente traído pelo irmão. Ambos caçam Udo,que anos após o fim da guerra arquiteta uma marcha nazista nos EUA.

O épico sai no momento em que são lembrados os 80 anos da libertação do Campo de Auschwitz,maior símbolo do Holocausto. Nesta entrevista,Albom,um repórter esportivo convertido em autor de best-sellers,falou sobre as relações entre passado e futuro e a universalidade dos temas de seu novo romance.

Seu livro aborda dois temas em voga: antissemitismo e crise da verdade. Quando começou a escrever,já estava consciente dessa atualidade?

A segunda parte,sim,mas não tanto a primeira. O antissemitismo é um problema permanente. Você poderia escolher qualquer momento na linha do tempo e ele ainda seria relevante. No entanto,eu não sabia,por exemplo,que os eventos de 7 de outubro (o ataque do Hamas em Israel) aconteceriam poucas semanas antes do lançamento do livro. Mas a questão da verdade foi algo que já tinha em mente desde o início.

Por quê?

Aqui nos EUA,a verdade está sob ataque há muito tempo. Vivemos num país onde é difícil saber quem está dizendo o quê. Fontes tradicionais de confiança,como noticiários de TV e jornais,agora são questionadas. Até mesmo vídeos podem ser manipulados. Achei que era o momento certo para contar essa história,na qual até o narrador,que é a própria Verdade,pode dizer: “Olhe o que estão fazendo comigo,veja como fui destruída nos anos 1940.” E,de certa forma,alertar que,sempre que se destrói a verdade,coisas semelhantes podem voltar a acontecer.

O horror vivido pelos judeus na Segunda Guerra pode se repetir?

Acho que é impossível não pensar nisso. Curiosamente,logo após o lançamento do livro,um repórter da CNN me procurou depois de voltar de Israel e contou a história ocorrida no 7 de outubro. Um jovem de 16 anos chamado Tomar foi forçado a bater nas portas de sua vila e dizer: “Podem sair,eles foram embora.” Se não fizesse isso,sua família seria morta. Como todos reconheciam sua voz,eles saíram e foram assassinados. No final,o próprio Tomar foi morto.

Capa de 'O pequeno mentiroso' — Foto: Divulgação

Como se sentiu ao ouvir essa história?

Fiquei devastado. Achei que estava inventando um crime tão horrível que até para o Holocausto era extremo. Mas algo incrivelmente semelhante aconteceu na vida real. Então,infelizmente,certos eventos do passado estão se repetindo.

Você fundou um orfanato no Haiti e tem relação próxima com o país. Nas eleições,boatos de que imigrantes haitianos estariam comendo animais de estimação alimentou ódio contra eles. Como analisa o tratamento a imigrantes nos EUA hoje?

Primeiro,é importante que as pessoas fora dos EUA entendam que o que nossos políticos dizem nem sempre reflete a opinião do povo. Muitos americanos,como eu,dão boas-vindas aos imigrantes e lembram que todos fomos imigrantes em algum momento. Quando ouvi as mentiras sobre os haitianos,achei que fosse uma piada. Foi uma tentativa de desumanizá-los. Quando você desumaniza um grupo,fica mais fácil odiá-lo. Mas não pense que a maioria dos americanos acreditou nisso. Gostaria que o mundo soubesse que nós somos mais inteligentes do que isso.

O livro também trata da culpa,que define a vida de Nico,enquanto os culpados de verdade não sentem remorso.

Sim,e muitos sobreviventes do Holocausto sentiram culpa por estarem vivos. Mas,quando você não sente culpa,torna-se perigoso,porque não há freios morais para suas ações. Udo,age sem culpa e,por isso,seu mal é ilimitado. Curiosamente,a culpa também pode ser uma força positiva. No caso de Nico,mesmo sem ser culpado,ele transforma essa emoção em impulso para ajudar os outros.

Acha que sua história pode ressoar não só para judeus,mas para outras comunidades,incluindo civis palestinos atingidos pela resposta de Israel?

Absolutamente. Amor,perdão e verdade são mensagens universais. Elas se aplicam a todas as pessoas,em qualquer parte do mundo.

Antes de ser escritor,você foi músico e chegou a tocar num resort na Grécia. Tem boas memórias desse período?

Sim,foi uma época incrível. Eu era pianista e cantor em um hotel de Agios Nikolaos,que naquela época ainda era uma vila de pescadores. Durante o dia,nadava e explorava a região; à noite,tocava no lounge do hotel e depois cantava com a banda no clube noturno. O grupo era grego e só tocava música tradicional,então,quando eu entrava e fazia covers de Elvis Presley,o público enlouquecia! Eu me sentia uma pequena estrela do rock. Foi um período maravilhoso e,por vezes,penso que deveria ter ficado por lá minha vida inteira.

Você voltou à ilha depois?

Sim,recentemente. O piano ainda estava lá. Algumas pessoas se lembravam de mim,mesmo depois de 40 anos. Foi emocionante. Às vezes,penso em voltar e recuperar aquele emprego.

Declaração: Este artigo é reproduzido em outras mídias. O objetivo da reimpressão é transmitir mais informações. Isso não significa que este site concorda com suas opiniões e é responsável por sua autenticidade, e não tem nenhuma responsabilidade legal. Todos os recursos deste site são coletados na Internet. O objetivo do compartilhamento é apenas para o aprendizado e a referência de todos. Se houver violação de direitos autorais ou propriedade intelectual, deixe uma mensagem.