2025-03-04
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O cineasta Walter Salles,com o Oscar ganho por Ainda Estou Aqui — Foto: Frederic J. Brown / AFP
GERADO EM: 03/03/2025 - 18:53
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O cinema brasileiro amanheceu diferente ontem. Um pouquinho mais dourado. Tudo graças à estatueta de melhor filme internacional recebida por “Ainda estou aqui” na cerimônia do Oscar 2025,na noite de domingo. A premiação veio para colocar a “cereja no bolo”,como diz Selton Mello,em uma trajetória já marcante de uma obra que não só obteve reconhecimento em prêmios — levou ainda o Globo de Ouro de melhor atriz,para Fernanda Torres,e o troféu de melhor roteiro no Festival de Veneza,para Murilo Hauser e Heitor Lorega —,como criou uma conexão muito especial com o público no Brasil,onde foi visto por 5,3 milhões de espectadores,inspirou blocos de carnaval,fantasias e produtos,e transformou a noite do Oscar numa espécie de final de Copa do Mundo,com pessoas gritando pela janela e demonstrando nas ruas a emoção. Além dos vários vídeos de comemorações que viralizaram nas redes,a exemplo de pontos como a frente do Cine Passeio,em Curitiba (PR),também no desfile das escolas de samba na Sapucaí foi possível ver o clima de “a taça é nossa”: o prêmio foi anunciado no sistema de som da Avenida e gerou uma gritaria dos que festejaram o título.
Declarações,gritaria e figurinhas: veja como foi a noite do Oscar no grupo de WhatsApp do elenco de 'Ainda estou aqui''É do Brasil!': 'Nós vamos sorrir',comemora Fernanda Torres após vitória histórica de 'Ainda Estou Aqui' no Oscar
— É um resgate do reconhecimento do cinema brasileiro não só por profissionais,mas principalmente pelo público — celebra o diretor e animador duas vezes indicado ao Oscar Carlos Saldanha. — Que muito mais sucessos como esse apareçam. O povo já mostrou que pode apoiar.
O produtor cultural Cavi Borges,que acompanhou a cerimônia num lotadíssimo Estação Net Rio,sala de cinema em Botafogo,na Zona Sul do Rio,acredita que “Ainda estou aqui” foi o “filme certo na hora certa”.
— “Ainda estou aqui” virou um fenômeno e superou a bolha cinéfila. Todos querem ver o filme,que virou um ícone de luta e resistência. O Oscar mostra a força do nosso cinema,da nossa arte e da nossa luta — diz Cavi Borges.
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Selton Mello no tapete vermelho do Oscar 2025 — Foto: Robyn Beck / AFP
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Rodrigo Teixeira,produtor de 'Ainda estou aqui',com a cineasta Carolina Jabor no tapete vermelho do Oscar 2025 — Foto: Robyn Beck / AFP
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Fernanda Torres e Walter Salles no tapete vermelho do Oscar 2025 — Foto: Robyn Beck / AFP
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Fernanda Torres no tapete vermelho do Oscar 2025 — Foto: Robyn Beck/AFP
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Fernanda Torres veste Chanel no tapete vermelho do Oscar 2025 — Foto: Robyn Beck / AFP
Equipe de mais de 20 pessoas está na cerimônia
Falando em furar a bolha,a conquista de “Ainda estou aqui” foi celebrada entre políticos de esquerda e de direita. “Orgulho do nosso cinema,dos nossos artistas e,principalmente,orgulho da nossa democracia”,escreveu o presidente Lula no X. Ronaldo Caiado,governador de Goiás e pré-candidato à Presidência pelo União Brasil,comemorou a vitória do filme nas redes sociais e pediu desculpas a Fernanda Torres pelo “clima de Copa do Mundo”,uma brincadeira com declaração da atriz que pedia aos fãs para não transformarem a corrida pelo Oscar em torneio.
Nas redes sociais e nas ruas,o clima de comemoração e orgulho contagia cinéfilos,profissionais do audiovisual e pessoas das mais diversas áreas. Mais do que uma estatueta e uma eventual validação internacional,o Oscar parece representar uma carga de autoestima no brasileiro e na relação com seu cinema. Uma boa demonstração disso é a audiência da cerimônia de 2025. Em São Paulo,a transmissão do Oscar registrou 14 pontos e foi a maior audiência em 20 anos,segundo dados da TV Globo,que voltou a exibir o evento na TV aberta após cinco anos.
— O Oscar é um marco histórico para o cinema brasileiro. Esse reconhecimento mundial evidencia a potência das nossas narrativas,a qualidade da nossa produção audiovisual e a capacidade do Brasil de emocionar e impactar plateias ao redor do mundo — diz Joelma Gonzaga,secretária nacional do Audiovisual. — O sucesso do filme não é apenas uma vitória para seus realizadores,mas para todo o setor audiovisual,que se fortalece a cada novo reconhecimento. Que essa conquista inspire ainda mais o público e que ele continue prestigiando e se identificando com as histórias que contamos.
Para representar o Brasil no Oscar,“Ainda estou aqui” precisou ser selecionado por comissão da Academia Brasileira de Cinema. Presidente da organização,a produtora Renata Almeida Magalhães espera que a visibilidade do longa se transmita para o cinema brasileiro como um todo:
— São muitos cinemas brasileiros porque são muitos Brasis. São histórias que só nós podemos contar. Essa coroação com o Oscar é uma injeção de autoestima imensurável para o cinema brasileiro e espero que faça as pessoas reverem o papel dos artistas brasileiros e que nos levem mais a sério. “Ainda estamos aqui” e continuaremos para sempre fazendo filmes.
A produtora lembra ainda o sucesso recente do Brasil no Festival de Berlim,com “O último azul”,de Gabriel Mascaro,vencedor do Urso de Prata do Grande Prêmio do Júri. Ator do longa,Rodrigo Santoro se emocionou com a vitória no Oscar. O astro,com significativa experiência em Hollywood,acredita que o sucesso internacional pode abrir portas para a equipe de “Ainda estou aqui” fora do país.
Rodrigo Santoro,Denise Weinberg e Gabriel Mascaro — Foto: Reprodução
— Foi lindo ver o país unido,vibrando pelo nosso cinema e pela nossa cultura. 2025 começou com o Oscar e o Urso de Prata. Um ano muito importante para o Brasil,o mundo ficou ainda mais interessado em olhar para o nosso país. Acredito que esse feito histórico vai abrir mais portas pelo mundo para os artistas brasileiros — diz Santoro.