2025-02-21
HaiPress
Argentina’s President Javier Milei addresses the audience during the World Economic Forum (WEF) annual meeting in Davos on January 23,2025. Milei said at a Bloomberg event on January 22,2026 that 'The world should celebrate the arrival of President Trump,'before Donald Trump will star on January 23,2025 in an eagerly-anticipated online appearance at the World Economic Forum in Davos,addressing global elites whose annual gabfest has been consumed by the US president's days-old second term — Foto: FABRICE COFFRINI / AFP
GERADO EM: 20/02/2025 - 20:06
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A crise em que está mergulhado o presidente da Argentina,Javier Milei,foi gerada por ele mesmo. Não existe a possibilidade de culpar mais ninguém porque tudo começou com um post escrito pelo chefe de Estado em sua conta na rede social X no qual promovia a criptomoeda $LIBRA. Um post que,segundo fontes oficiais,o presidente teve de ser convencido a apagar por alguns de seus colaboradores mais próximos.
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Na Argentina de hoje,o único que pode gerar dano à imagem de Milei é o próprio Milei. Seus opositores estão desnorteados desde a surra eleitoral de 2023. Nunca mais se recuperaram,sobretudo o kirchnerismo. Quando a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) ataca Milei,quem cresce é Milei. Quando algum dirigente do que grandes setores da sociedade consideram a “casta política” questiona o presidente,Milei usa esses questionamentos para fortalecer sua ofensiva contra a política tradicional — como se ele não fizesse parte de seu governo.
Até agora,o presidente argentino vivia uma lua de mel com a sociedade,os mercados e seus seguidores dentro e fora do país. A Argentina apresenta dados econômicos positivos,a contenção da crise é indiscutível,e Milei colhia elogios por onde passava. Ninguém dentro do país conseguiu abalar sua imagem positiva,basicamente porque todos os políticos,sem exceção,são vistos como parte de um passado ao qual a grande maioria dos argentinos não quer voltar nunca mais. Essa é uma das principais razões que explicam a vitória de Milei em 2023.
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O chefe de Estado voava em céu de brigadeiro até a noite da última sexta-feira. O post que promovia a criptomoeda abriu uma crise inesperada,grave e que ainda terá desdobramentos. O que nenhum opositor conseguiu fazer,o próprio Milei fez. Deu um tiro no pé tão grande que provocou a crise que seus rivais teriam adorado provocar.
Contornar essa crise é um desafio porque Milei não pode demitir um funcionário para evitar danos colaterais. Os principais envolvidos no escândalo são sua irmã,a secretária-geral da Presidência,Karina Milei,e o estrategista e assessor do presidente,Santiago Caputo. Os contatos feitos por Milei com os investidores que são o elo entre ele e os criadores da $LIBRA são,segundo investigações da imprensa local,Karina e Caputo.
O estrategista poderia ser sacrificado,mas nada indica que isso acontecerá. Karina,jamais. A irmã de Milei forma com o presidente uma sociedade — que vai muito além da política — sem a qual o governo não funcionaria. Milei depende de Karina e vice- versa. Os irmãos que governam a Argentina são inseparáveis,e se Karina algum dia cair em desgraça,arrastará o governo inteiro.
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Milei não tem outra alternativa a não ser fazer o que está fazendo: negar qualquer vínculo com uma operação que favoreceu poucas pessoas e prejudicou muitas; atacar a imprensa; e iniciar uma campanha nas redes sociais acusando seus adversários de quererem acabar com a Argentina,e não apenas com ele.
Uma narrativa épica,similar à construída na campanha eleitoral de 2023. O medo de Milei não é a Justiça nem um eventual impeachment no Congresso. Nesses dois flancos,o presidente,dizem fontes do governo,está “coberto”. O medo é perder a confiança dos argentinos. Porque foi essa confiança que permitiu implementar o maior ajuste econômico dos últimos 60 anos e continuar com uma imagem positiva entre 45% e 50%. Sem ela,o futuro é perigoso.