2025-02-13
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'Aos pedaços',de Ruy Guerra,chega aos cinemas nesta quinta-feira (13) — Foto: Divulgação
GERADO EM: 12/02/2025 - 15:10
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Mais de quatro anos depois de receber os prêmios de melhor direção,fotografia e som no Festival de Gramado,“Aos pedaços” chega finalmente aos cinemas para lembrar que nem tudo é brisa como “Ainda estou aqui” para o cinema brasileiro. A imensa maioria de quem faz filmes no Brasil sabe que a vida continua dura,inclusive para alcançar o público — ainda que seja,como neste caso,um público de nicho,disposto ao risco.
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Ruy Guerra,um de nossos mais importantes cineastas,com 93 anos,que o diga. Aqui,ele faz um longa mais afinado com o experimentalismo de “Estorvo” (2000) do que com os clássicos realistas e políticos que o consagraram,como “Os cafajestes” (1962) e “A queda” (1978). É um narrador (Arnaldo Antunes) quem nos apresenta o protagonista (Emilio de Mello) e seus tormentos,concentrados na suspeita de que uma de suas mulheres (Simone Spoladore e Christiana Ubach) irá matá-lo.
Ambas são viúvas,têm o mesmo signo e quase o mesmo nome (Ana e Anna). Seriam uma só,desdobrada fantasmagoricamente em duas,como em “Estrada perdida” (1997) e “Cidade dos sonhos” (2001),de David Lynch? Em preto e branco,com sombras e rostos ocultos,o filme mantém a câmera próxima dos personagens como se quisesse lhes examinar de perto as angústias. Essa investigação do ser humano como “insaciável predador de si mesmo” inclui na pauta,graças à presença de um pastor (Julio Adrião) e dos demônios do protagonista,a ideia de pecado.
Bonequinho olha.