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Trégua em Gaza é cheia de labirintos

2025-01-22 IDOPRESS

Palestinos celebram acordo de cessar-fogo nas ruas de Deir el-Balah,região central da Faixa de Gaza — Foto: Eyad BABA / AFP

RESUMO

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GERADO EM: 21/01/2025 - 22:06

Trégua em Gaza: Desafios para a Paz

A trégua em Gaza é celebrada,mas a paz é incerta devido a questões como os assentamentos ilegais de Israel e a postura do Hamas. O controle de Rafah e a reconstrução de Gaza são pontos críticos. O Hamas usa reféns como moeda de troca,com impacto global. A trégua é comparada a um acordo com o Terceiro Reich. A criação de um Estado palestino é um desafio,com o Hamas evitando sua fusão com a Cisjordânia.

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A trégua entre Israel e Hamas foi bem-vinda e causou manifestações de alegria das duas populações afetadas pelo conflito. Mas,apesar do júbilo,todos sabem que não há paz no horizonte. Os dois lados estão cientes de que não haverá paz enquanto Israel insistir na manutenção e expansão dos assentamentos ilegais e enquanto o Hamas insistir no fervor de destruir Israel.

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A trégua viverá um de seus momentos mais sensíveis ao término da segunda fase,quando as Forças de Defesa de Israel se retirarem de Gaza,em geral,e de Rafah,em particular. É em Rafah que se situa o Corredor Filadélfia,na fronteira de Gaza com o Egito. Durante anos,foi através dos túneis nesse corredor que o Hamas recebeu a quase totalidade de seu arsenal bélico.

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Os termos da trégua não dizem com clareza como Israel poderá monitorar doravante o corredor,nem se sabe se sua extensa rede de túneis ainda é operacional. Rafah era um ponto tão estratégico para os terroristas que sua desejada intocabilidade desencadeou apelos dramáticos do Hamas,a par de uma bem-sucedida propaganda que emocionou a comunidade internacional.

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A rigor,no estágio atual do cessar-fogo,fazendo um necessário retrospecto histórico,é como se,em abril de 1945,os Aliados concordassem numa trégua com o Terceiro Reich,mantendo Hitler no poder.

O fim da terceira fase da trégua aborda a reconstrução de Gaza,mas não menciona em nenhum prazo a criação de um Estado palestino. Isso envolve dois aspectos. Primeiro: o mundo árabe não tem a questão palestina como prioridade,embora dois países de porte,como Egito e Catar,tenham se engajado na mediação do cessar-fogo. Segundo: o próprio Hamas se esquiva desse assunto por saber que a criação de um Estado palestino determinaria sua inevitável fusão com a Cisjordânia e o poder ser entregue ao Fatah,com que há 17 anos mantém animosidade.

A presente trégua em Gaza contém um aspecto perverso: a aceitação do uso de seres humanos como moeda de troca. Essa aceitação se materializou nas ruas das maiores capitais do mundo,onde as manifestações a favor do Hamas superaram de longe as passeatas em favor dos reféns.

De acordo com documentos obtidos pelo Exército israelense em Gaza,a liderança do Hamas tinha traçado há mais de dez anos a estratégia da apreensão de reféns. Decerto era de seu conhecimento uma passagem do Talmud (compêndio de leis sagradas e de ética judaicas) que trata especificamente da libertação de cativos. O Talmud considera a existência de prisioneiros como uma circunstância mais grave que a fome e até mesmo a morte.

O Hamas estava seguro de que a captura de reféns abalaria o governo e o povo de Israel. Na verdade,a moeda de troca do Hamas vale 22 vezes mais que qualquer moeda de Israel. Isso está nos números da primeira fase: 33 reféns em troca de 737 terroristas presos em Israel.

*Zevi Ghivelder é jornalista

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