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‘Países europeus não devem depender dos EUA, mas ainda são incapazes de garantir sua própria defesa’, diz CEO do Fórum de Segurança de Munique

2025-01-12 IDOPRESS

Benedikt Franke,vice-presidente e CEO do Fórum de Segurança de Munique,participa de encontro de líderes no Rio — Foto: MSC/Kuhlmann#MLMRio

RESUMO

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GERADO EM: 11/01/2025 - 15:49

Europa busca autonomia em defesa frente aos EUA

CEO do Fórum de Segurança de Munique destaca que a Europa não deve depender dos EUA para defesa. Debate surge com retorno de Trump e tensões geopolíticas. Desafios incluem escassez de soldados e necessidade de avançar na autonomia em defesa. Otan e possível aliança militar exclusivamente europeia são temas em destaque.

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O presidente eleito dos Estados Unidos,Donald Trump,não esconde sua opinião sobre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan),a aliança militar ocidental liderada por Washington. Desde seu primeiro mandato na Casa Branca,ele tem dito que não seguirá a cláusula de defesa coletiva do grupo se um país membro não cumprir as diretrizes de gastos e,recentemente,defendeu que essa taxa seja elevada para 5% do PIB dos Estados — e não 2%,como fixado hoje. Este cenário,atrelado ao acirramento das tensões geopolíticas em meio à guerra na Ucrânia,que já dura três anos,fez ressurgir o debate sobre a necessidade (e a viabilidade) de a Europa se tornar autossuficiente em defesa.

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Na visão do cientista político alemão Benedikt Franke,os países europeus avançaram muito nos últimos cinco ou dez anos,mas ainda há um "longo e difícil" caminho a percorrer. Vice-presidente e CEO da Conferência de Segurança de Munique (MSC,na sigla original),uma das mais importantes do mundo,realizada desde 1963,ele conversou com O GLOBO durante o encontro de líderes do evento no Rio de Janeiro,em novembro.

O que a volta de Donald Trump à Casa Branca representa para a Otan?

Parece haver uma suposição de que o presidente eleito Trump é contra a Otan. Isso não é verdade. O que ele critica,e acredito que com razão,é o fato de muitos aliados não terem cumprido seu papel. E,embora a Otan não seja um clube onde se paga uma taxa de adesão e depois se obtém certos benefícios,se você não contribuir,não terá o direito de participar. Se estamos falando de defesa coletiva,também precisamos falar de investimento coletivo em defesa,e aqui Trump tem um bom argumento. Embora os aliados da Otan tenham aumentado enormemente seus investimentos — agora temos 23 dos 32 países cumprindo a meta de 2% — a maioria dos especialistas em defesa acredita que isso ainda não é o suficiente.

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Não há risco de enfraquecimento da aliança?

Há um aspecto que é um risco em potencial: se o presidente eleito repetir declarações que colocariam em dúvida a credibilidade do Artigo 5,ou seja,essa ideia de que se você atacar um,você ataca todos e que haverá uma resposta militar maciça,a premissa básica da Otan. Se essa credibilidade for ainda mais abalada porque o presidente demonstrar dúvida de que os EUA reagiriam se houvesse um ataque aos países bálticos,à Polônia,à Romênia,esse é um risco real.

A Otan,como ela é hoje,ainda faz sentido,ou é mais um organismo herdado do pós-guerra que parece ter perdido sentido ou precisa urgentemente de reforma?

É verdade que as instituições que criamos após o fim da Segunda Guerra Mundial estão sob pressão atualmente,e acho que é absolutamente essencial que continuemos a reformar a ONU e suas diversas suborganizações,para que voltem a se adequar ao seu propósito. Mas precisamos distinguir entre os mecanismos de governança global e a Otan,uma aliança militar defensiva.

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Você poderia explicar melhor?

A Otan tem apenas um objetivo,e não tem nada a ver com governar o mundo ou com política externa. Seu propósito é um pacto de defesa coletiva para os países da área do Atlântico Norte. Ele não se expandirá além dessa área geográfica nem tem a intenção de se tornar um mecanismo de governança ou de infringir alguma das áreas em que a ONU,de acordo com o princípio da subsidiariedade,deveria liderar. A Otan quer apenas garantir a segurança e a proteção de seus Estados-membros. Ela terá que mudar no futuro? Terá de se adaptar às realidades? Sim,há alguns países na Europa e na periferia que deveriam se tornar membros da Otan,como a Ucrânia e os países dos Bálcãs Ocidentais. Queremos que eles participem,mas não haverá uma lógica imperial para esse crescimento.

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Recentemente,a Otan aprovou a adesão da Finlândia e da Suécia à aliança,rompendo uma neutralidade histórica dos países nórdicos e mais do que dobrando a fronteira dos países-membros com a Rússia...

Existe uma diferença semântica entre o termo expansão,que é usado por aqueles que não gostam da Otan,e o termo alargamento,que é usado pela própria Otan. Todos os países do mundo deveriam ter permissão para escolher suas alianças. Se um país se sente mais seguro com a adesão à Otan,sou da opinião de que ele deveria ter permissão para solicitar a adesão. Há uma limitação geográfica para isso e também uma questão de gerenciamento de percepção,porque obviamente um aumento em uma aliança pode parecer ameaçador para alguns que não fazem parte dela. Mas sou um grande defensor de que cada país deve escolher por si mesmo.

A Otan também tem parcerias fora do Atlântico Norte…

A Otan tem uma nova e maravilhosa parceria com a Argentina e também com países do Golfo,mas aqui estamos falando de tópicos muito técnicos. É a exportação de material de defesa,trata-se de doutrina militar. Novamente,isso não se compara a outros mecanismos de governança global nem os infringe.

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Podemos esperar a criação de uma força de defesa exclusivamente europeia nos próximos anos?

Há a realidade e há a perspectiva. A realidade hoje é que os países europeus não poderiam cuidar de sua própria segurança sem o apoio e a liderança dos Estados Unidos. A perspectiva é que os países europeus se tornem,independentemente dos EUA,capazes de garantir sua própria segurança. Mas isso não significa necessariamente que eles criarão uma concorrência para a Otan,ambos são possíveis ao mesmo tempo. O fortalecimento do pilar europeu da Otan não significa o fim da Otan e também não significa o fim dos EUA na Europa.

O que falta aos países europeus para avançarem nesta questão?

Percorremos um longo caminho nos últimos cinco ou dez anos em muitos países. Mas ainda há um outro longo caminho a percorrer. E não é fácil fazer isso em um momento de turbulência geopolítica,pois sabemos que teremos eleições em vários países europeus nos próximos seis meses. Fazer isso em um momento em que o crescimento econômico é lento também não é fácil. Você terá que fazer escolhas,definir prioridades,e nem todos na população entenderão e simpatizarão com essas escolhas,o que causará mais tensão política. Portanto,em teoria,[a criação de uma força europeia] é possível,mas será difícil de vender para parte da população europeia e um caminho difícil de percorrer.

E o que a Europa pode fazer enquanto isso?

Acredito firmemente que a Europa tem um soft power significativo para estabelecer padrões e influência política. A União Europeia pode,às vezes,ser um ator incomodamente lento e frustrantemente burocrático,mas,no final das contas,oferece modelos de parceria sustentáveis e muito bem pensados,exemplos para o restante do mundo. Portanto,estou convencido de que,além da necessidade de aumentar nossas capacidades de projeção de hard power,nossas capacidades de projeção de soft power estão sendo subutilizadas e nos deixam com um grande potencial para compensar a falta de hard power.

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