2024-12-06 HaiPress
Nelson Motta — Foto: Victor Hugo Cecatto
GERADO EM: 05/12/2024 - 18:53
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Recordar é viver? Não,é aprender. Um bom exercício é lembrar de como e onde você estava há dez anos,e fazer um inventário de perdas e ganhos,de avanços e atrasos na vida e no trabalho,e sobretudo de erros e enganos e suas causas e consequências. Para não cometê-los de novo,seja original: arrisque novos erros. Não lamente suas decisões,elas já tiveram suas consequências,nada poderia ter sido diferente. Não lembre como um julgamento sobre sua conduta,mas uma resenha com um amigo,como se você estivesse vendo de fora,como uma narrativa de sua história.
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Em 2014,ao longo de oito meses perdi meu pai,minha mãe e meu melhor amigo. E em outubro estava comemorando 70 anos com fé na vida,solteiro,depois de dois anos em um namoro inventado,que por isso tinha acabado mal. O trabalho ia bem,com a adaptação de “Vale tudo,o som e a fúria de Tim Maia” para o teatro. Era minha primeira peça,não sabia nada de escrever para teatro,sou jornalista de formação,mas fui salvo pelo diretor João Fonseca,que me dizia “escreve a cena que eu faço”,e fazia mesmo,em Londres,na Tijuca,em Nova York,em qualquer tempo ou lugar,com a mágica do teatro. Foram três anos em cartaz no Brasil. Depois escrevi “Elis,a musical” com Patricia Andrade,um baita sucesso que revelou Laila Garin como uma grande atriz e cantora. Comecei a me apaixonar pelo teatro musical.
Tudo ia bem até o final de 2016,quando tive que fazer duas cirurgias brabas na medula espinhal para não ficar paraplégico. Depois de 20 dias no hospital,tive que aprender a andar de novo,e a conviver para sempre com dores nas pernas e na lombar. A dor ensina. E como disse o meu neurocirurgião Paulinho Niemeyer,quando me queixei das dores: “Só dói quando lembra,né?” Grande metáfora para a vida. Um ano depois comecei um namoro durante a pandemia,e apesar dela,foram anos felizes,escrevi a autobiografia “De cu pra lua,dramas,comédias e mistérios de um rapaz de sorte”. E,com Patricia Andrade,um musical sobre Wilson Simonal e “O frenético Dancin Days”,dirigido por Deborah Colker,que me deu uma outra visão do teatro musical.
Depois da doença e das cirurgias,em 2018 tive que fazer fisioterapia e exercícios diários,mas a partir de 2022 foquei na musculação para melhorar a força e a mobilidade. Nunca entrei numa academia,nem para chamar alguém,mas agora até gosto de fazer (em casa),e me sinto muito bem depois. No início do ano de 2023,dois meses depois de me divorciar,comecei um romance on-line com uma bela jornalista gaúcha que se tornou minha influencer do coração até hoje,provando minha sorte. Foi um upgrade.
Há um ano tive um infarto,e risco de outro,assistindo da UTI,com dois stents nas coronárias,à semi da Libertadores 2023 em que o Fluminense ganhou do Inter nos últimos minutos,gritando “Neeeense” para o hospital ouvir. Mas o coração resistiu,e se fortaleceu. Os médicos têm razão: estou melhor agora do que antes do infarto. E,tirando as sequelas da doença na medula,me sinto melhor e mais forte do que há dez anos.