2024-12-02 HaiPress
Plateia lotada no Samba do Pretinho da Serrinha — Foto: Bruno Ryfer
GERADO EM: 01/12/2024 - 19:33
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O pedido final para não deixar o samba morrer,escrito por Edson Conceição e Aloísio Silva,e eternizado na voz de Alcione,tem sido respeitado. Na boca do povo,pelas ruas,por eventos e festivais,o gênero tem marcado presença e se mostrado bem vivo. Segundo a Secretaria Municipal de Cultura do Rio,este ano,foram registradas 150 rodas de samba em espaços públicos,um aumento significativo desde 2021,quando foram mapeadas 95.
Com diferentes formatos e para todo gosto,o samba tem se mostrado atual e diverso,com exemplos como rodas apenas de samba-enredo,rodas para o público LGBTQIA+ e outras. Pretinho da Serrinha,que toda quinta-feira tem lotado a Arena Jockey,na Gávea,Zona Sul do Rio,celebra esse crescimento,mas faz um adendo:
— O samba é adaptável,você faz em qualquer lugar,a hora que quiser,e tem a possibilidade de misturar os públicos,mas respeitando a música. O ponto principal é a qualidade. Não é apenas juntar o pessoal,botar os instrumentos e fazer qualquer coisa achando que é samba.
Já Mateus Professor destaca os valores que o gênero carrega como forte manifestação da cultura negra.
— A roda de samba é uma experiência ancestral poderosa e prazerosa — afirma o músico,um dos fundadores da roda Poeira Pura,que atrai centenas de pessoas todas as sextas-feiras na Casa Savana,no Centro do Rio,e se apresenta mensalmente em Belo Horizonte,São Paulo e Bahia. — O samba oferece horas de evento,além das possibilidades de trocas,flerte,conversas.
A visibilidade que o gênero ganhou nos últimos anos fez com que até festivais abrissem espaço para novos artistas e para os mais antigos. No Rock in Rio 2024,por exemplo,a batucada tomou conta dos palcos,assim como no Rock the Mountain. No entanto,artistas ressaltam que é preciso mais valorização.
— Ainda há um desequilíbrio em relação aos outros gêneros. E as condições que oferecem,às vezes,fazem com que o sambista não se sinta valorizado — afirma a cantora e compositora Marina Íris.
A opinião é compartilhada por Mateus.
— O samba é um movimento muito maltratado e sempre visto como algo menor. Poucas pessoas estão preocupadas em ouvir o sambista,porque existe a ideia atrelada ao divertimento. Mas é mais do que o lifestyle “boteco,cerveja e alegria” — diz. — Sambista também sente raiva,tristeza,medo e desmotivação.
Partindo da máxima de que “o samba cura”,Mateus reflete:
— É uma cura,mas não é uma cura qualquer. O samba te dá esperança,direção.