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Mônica Martelli e Ingrid Guimarães: do match há 30 anos ao primeiro trabalho juntas, atrizes falam de sexo, menopausa e autoestima

2024-12-01 HaiPress

Ingrid e Mônica relembram histórias e aventuras juntas durante viagens a sós e com as filhas — Foto: Fábio Bartelt

RESUMO

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GERADO EM: 28/11/2024 - 16:35

"Amizade e Sucesso: Mônica Martelli e Ingrid Guimarães se Preparam para Filme em 2025"

Mônica Martelli e Ingrid Guimarães,amigas há 30 anos,falam sobre amizade,sucesso,viagens com suas filhas e abordam temas como sexo na menopausa. As atrizes se preparam para protagonizar um filme em 2025,dirigido pela irmã de Mônica,explorando suas vivências e humor. A cumplicidade,o sucesso nas redes sociais e a relação com as filhas adolescentes são pontos centrais da história das duas artistas brasileiras.

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Temos assunto acumulado de outras encarnações. Só perigo ou ameaça conseguem nos interromper”,escreveu Ingrid Guimarães,de 52 anos,na legenda de um vídeo postado no Instagram,que viralizou. Enquanto ela e a amiga,Mônica Martelli,de 56,caminhavam conversando por uma rua da Zona Sul do Rio,suas filhas,Clara e Julia,ambas de 15 anos,logo atrás,filmavam a cena e tentavam,sem sucesso,chamar a atenção das mães. “Elas não olham. Socorro,é sequestrador,ajuda!”,gritavam,aos risos,as meninas.

A cumplicidade de quase 30 anos entre as duas rainhas do humor brasileiro ficou evidente durante a sessão de fotos desta capa,clicada em um estúdio em São Paulo. É difícil não rir com caras e bocas e expressões arrebatadoras: as amigas se abraçavam e ajeitavam o cabelo uma da outra a cada clique. “Amorrrrr,você está linda”,“perfeita,total”,era o que se ouvia,entre bordões e gargalhadas,em busca do melhor ângulo. “A vida inteira a gente se colocou para cima”,Mônica deixa claro.

Em entrevista de mais de uma hora,ela e Ingrid relembram a época — quando o humor era predominantemente machista — em que se cruzaram,no teste para o seriado “Chico total”,da TV Globo. Deu match. “Nunca tínhamos nos visto e parecia que nos conhecíamos há anos”,lembra Mônica. De lá para cá,em uma história embalada por coincidências deliciosas,seguiram,entre tropeços e vitórias,pela mesma estrada. A primeira participação de ambas em novelas foi em “Por amor” (1997). Depois,deram juntas o pulo das gatas: estrearam,no início dos anos 2000,na mesma casa de espetáculos. Ingrid fez “Cócegas”,com Heloísa Perissé,e Mônica,o monólogo “Eles são de Marte... e é para lá que eu vou”. Resultado: arrebataram milhões de espectadores e ganharam os holofotes. Depois,compraram o primeiro apartamento (no mesmo período!) e,engravidaram juntas,na mesma semana.

Ingrid usa casaco e vestido Lenny Niemeyer,brincos Yar e Monies e sandálias Saint Laurent. Mônica usa vestido Lenny Niemeyer,sandálias Manolita e brincos YSL vintage — Foto: Fábio Bartelt

O público capta a energia da dupla. Ingrid é a atriz brasileira mais assistida do século XXI: 23 milhões de pessoas viram seus mais de 20 filmes. Já Mônica conquistou cinco milhões de espectadores com o longa “Minha vida em Marte” (2018). A capacidade de ambas de fazerem piadas sobre situações corriqueiras da vida é o trunfo. “Quando as pessoas veem a nossa alegria,querem também”,diz Mônica. Em tempos de presença maciça do público no cinema,graças ao longa “Ainda estou aqui”,as duas celebram a potência da sétima arte nacional. “É uma lembrança de que o brasileiro gosta de ir ao cinema,que nossas histórias importam”,analisa Ingrid. E a influência destas boas histórias conscientiza a audiência sobre as transformações sociais e políticas do país. “A gente entende como discursos autoritários e de ódio podem causar barbaridades”,sentencia Mônica.

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Em maio de 2025,elas vão expandir ainda mais a amizade: protagonizarão o primeiro trabalho juntas,um longa,com direção de Susana Garcia,irmã de Mônica. O foco não poderia ser melhor: as viagens,totalmente hilárias,pelo mundo,ao lado das filhas adolescentes. A última,entre Inglaterra e Espanha,foi em julho,e virou um case de audiência nas redes sociais. “Temos o mesmo ritmo,por isso dá tão certo. A gente esquece as coisas,se perde,passa perrengue e se diverte. No filme,serão duas mulheres na faixa dos 50,pensando em ressignificar a vida”,conta Ingrid. As atrizes não descartam a participação das meninas: Julia,filha de Mônica com o ex-marido,o produtor musical Jerry Marques,deseja seguir os passos da mãe na atuação,e Clara,da união de 18 anos de Ingrid com o artista plástico Renê Machado,quer ser diretora de cinema.

A seguir,elas falam sobre cumplicidade feminina,sucesso nas redes sociais,autoestima,sexo,menopausa e mais.

30 ANOS DE AMIZADE


Mônica: Nossa parceria nasceu da solidariedade. Enquanto esperávamos para fazer o teste de “Chico total”,a Ingrid estava ao meu lado e disse: “Vão te oferecer R$ 900. Não aceita e pede mais (risos). Saindo dali,ela me deu carona.

Ingrid: Desse trabalho,fizemos um grupo grande de amigas,eu,Heloisa Périssé,Alexandra Richter... Mas,no final das contas,a Mônica era com quem eu mais ficava porque tínhamos o mesmo estilo de vida. A gente adorava sair,viajar. Nossos caminhos sempre se cruzaram.

Ingrid: Com todo o sucesso da Mônica,eu vibro. Porque ela começou comigo,vem do mesmo lugar que eu,eu vi a luta. Quando uma comediante se dá bem,conquista algo,a outra pode conquistar também.

Mônica: A gente se celebra. E tem uma coisa que é a inspiração. Quando uma vai,a outra te inspira. Fico pensando,como é ser Chico e Caetano,parceiros de uma vida inteira? A Ingrid é muito batalhadora. Eu admiro a forma como ela batalha a vida,é persistente e corre atrás.

Ingrid e Mônica vestem Paula Raia,sandálias Manolita e brincos e anéis Sauer — Foto: Fábio Bartelt

HAJA SEGUIDOR


Ingrid: Acho que o sucesso que rola é porque gera uma identificação. As pessoas (Ingrid tem quase seis milhões de seguidores) mandam mensagem dizendo: “Queria acordar e ver uma série das duas. Posso ser amiga de vocês?”.

Mônica: A cumplicidade que temos é construída. E muita gente está vivendo a vida sozinha,sendo individualista. Quando as pessoas (Mônica tem 3 milhões) veem nossa alegria,querem também.

ON THE ROAD


Mônica: Decidimos nos juntar em um momento da vida que queremos falar a mesma coisa. Durante muito tempo,não trabalhamos juntas porque tudo era tão especial,ficávamos com medo de arranhar a amizade. Mas o momento chegou. Vamos filmar a história de duas mulheres com suas filhas adolescentes,que viajam,se aproximam e fazem descobertas juntas.

Ingrid: Estamos envelhecendo juntas e,quando começamos a viajar com as meninas,isso se tornou mais certo ainda. Os vídeos viralizaram,e as pessoas perguntavam: “Quando sai seu filme com a Mônica?”

Ingrid: Nossa amizade é datada por viagens. Quando a gente era solteira,ia para Caraíva (BA),depois para Visconde de Mauá (RJ). A Mônica,para variar,sofrendo por amor (risos). Temos o mesmo ritmo,por isso dá tão certo.

Mônica: Eu sempre sofrendo por amor. Numa das nossas viagens,resolvemos fazer uma lareira no quarto com bolinhas de papel colocando álcool. De repente,botamos fogo no chalé. Pedimos socorro e vieram apagar (risos).

Ingrid usa vestido Degoeye,sandálias Francesca,brincos Sauer e meia-calça Wolford — Foto: Fábio Bartelt

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PERRENGUE CHIQUE


Mônica: Passamos por muitas mudanças. Somos de uma época em que esperávamos sair o jornal para ver a crítica do teatro,corríamos atrás do repórter para pedir uma entrevista. Não havia redes sociais.

Ingrid: Demais. Não éramos valorizadas pelo nosso talento. Tivemos uma história juntas,começamos em papéis pequenos,fizemos sucesso no teatro. De todas as minhas amigas,Mônica é a única que não julga minha loucura.

AS "FILHAS DAS MÃES"


Mônica: Não é mole não. Quando postamos algo das meninas,ficam bravas. Acho que é da adolescência. A gente negocia,“ó,essa foto pode?”. É uma fase em que elas se criticam muito,não querem que o namorado veja.

Ingrid: Elas não gostam de ser expostas. Tiram fotos e não mostram o rosto. Mas eu e Mônica nos unimos,estamos trocando muito sobre o comportamento delas,decidindo até que horas podem ficar em uma festa,etc.

Mônica: Julia é figura,engraçada e quer ser atriz como eu. Por outro lado,é mais decidida,rápida nas escolhas e sabe dizer não para muita coisa que não a agrada.

Ingrid: Clara é bem diferente de mim. É uma menina na dela,madura,eu que sou a adolescente da casa. Mas tem um humor e uma ironia que com certeza são meus.

Os 30 anos de 'Moningrid'

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Ingrid e Mônica relembram histórias e aventuras juntas durante viagens a sós e com as filhas — Foto: Fábio Bartelt

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Ingrid usa casaco e vestido Lenny Niemeyer,sandálias Manolita e brincos YSL vintage — Foto: Fábio Bartelt

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Ingrid e Mônica vestem Paula Raia,sandálias Manolita e brincos e anéis Sauer — Foto: Fábio Bartelt

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Ingrid usa vestido Degoeye,brincos Sauer e meia-calça Wolford — Foto: Fábio Bartelt

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Mônica usa vestido Lino Villaventura,sapatos Manolita,brincos BDLN e anel Sauer — Foto: Fábio Bartelt

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Mônica veste saia Penha Maia,camisa Francesca,pulseira Yar,brincos Ferragamo e sapatos Manolita. Ingrid veste saia Artemisi,sobreposta a saia Paula Raia na Gallerist,blusa Intimissimi,sandálias Fendi e pulseiras Yar — Foto: Fábio Bartelt

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Publicidade Ingrid Guimarães e Mônica Martelli celebram amizade,união feminina,e falam sobre novo projeto juntas

VIBRAÇÃO EM FAMÍLIA


Ingrid: Diálogo com adolescente não é moleza. Clara disse outro dia,“mãe,para,você está fazendo vídeo sobre vibradores e minhas amigas te seguem”. Preocupo-me em não constrangê-la.

Mônica: Entre tantas transformações no mundo,uma delas é o diálogo aberto com os filhos. Ninguém nunca falou sobre prazer comigo ou disse: “Quando você for transar,não tem que agradar ao homem”. Explico para a Julia: “Seu corpo,só você e quem você desejar pode tocar”.

LIBIDO NA MENOPAUSA


Mônica: Eu entrei na menopausa apaixonada (ela namora,há quase seis anos,o empresário Fernando Altério). O contexto foi bom,me levou à lubrificação,a comprar calcinhas,a ficar sexy. Claro que há mudanças corporais,o ressecamento vaginal,mas dá-se um jeito. Lubrificante íntimo,para mim,é como álcool gel,básico (risos).

Ingrid: Sou casada há muito tempo,você tem que catar um estímulo. Lancei um vibrador,o Magic Rabbit,que suga,vibra e gira ao mesmo tempo,e acho um privilégio poder falar desse assunto de forma mais normalizada,em plena menopausa.

Mônica: Construímos o nosso prazer para agradar ao outro. Mas temos clitóris,que só serve para dar prazer às mulheres. Em muitas relações,as crises e acúmulos de mágoas são uma catástrofe para a libido.

Mônica usa vestido Lino Villaventura,brincos BDLN e anel Sauer — Foto: Fábio Bartelt

OS VELHOS TAMBÉM TRANSAM


Ingrid: Sabia que existem mulheres que têm vergonha de falar sobre sexo e orgasmo com outra mulher? O filme “De pernas pro ar” (2010) foi um divisor de águas,abriu portas para muitas mulheres se tocarem. E hoje eu acho que o etarismo é uma questão estética também. Por isso coloco cena de sexo em todos os meus filmes. Parece bobagem,mas ver uma mulher de biquíni ou transando normaliza o envelhecer.

Mônica: Para se acostumar,você precisa olhar. É tão perigoso viver em uma bolha onde não há a diversidade... É o jovem que está sempre representando o sexo. É importante assumir a pele mais flácida,a bunda mais caída. Amor,depois de certa idade,você deixa o corpo ereto,vai sustentando a pose na postura (risos).

ESPELHO,ESPELHO MEU


Ingrid: Minha autoestima foi muito batalhada,e esse é outro lugar em que eu e Mônica nos encontramos. Investi dinheiro em livros,terapia. A gente se coloca para cima.

Mônica: Nós temos um olhar muito cruel conosco. Sou uma mulher dentro de um padrão,magra,alta,branca,privilegiada. Mas a gente briga com o espelho a vida inteira e é ensinada a achar defeitos. O amadurecimento traz um olhar mais bacana: tipo,“sou assim e foda-se”. Mas,olha,eu faço todos os lasers do mercado e aplicação de bioestimulador de colágeno. Sou vítima da busca pela juventude como todas as mulheres da nossa cultura,mas me considero comedida.

Ingrid: Eu era prognata e,aos 23 anos,fiz cirurgia,que não é estética,mas me ajudou no início de carreira. Hoje faço laser,aplicação de bioestimuladores de colágeno e alguns tratamentos corporais. Quando vou filmar,intensifico tudo. Mudei minha alimentação,priorizo o sono e malho cinco vezes por semana.

FANTASIA E TERAPIA


Mônica: Sou monogâmica,meu desejo foi construído assim. Mas tento desconstruir algumas coisas. Me separei porque não era feliz no casamento. Não fico numa relação infeliz por causa de filhos. Quero ter prazeres. Tem que ser bom no sexo e nas fantasias.


Ingrid: Casamento longo é um grande desafio. Ano passado,fizemos terapia de casal,e assim vamos tentando. Eu e Renê temos uma vida independente. Muita conversa é essencial para preservar tudo o que conquistamos nessa longa jornada de partilha.

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