2024-11-30 HaiPress
Governo argentino comemora o fim da recessão,o que é confirmado pelos economistas — Foto: Bloomberg
GERADO EM: 29/11/2024 - 21:11
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Em recente ato para celebrar os 100 anos da Câmara Argentina de Comércio e Serviços,o presidente Javier Milei aproveitou para anunciar aos argentinos que “a recessão terminou e o país começou novamente a crescer”.
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Nos últimos dias,vários funcionários de seu gabinete comemoram nas redes sociais o fim da recessão,confirmada por economistas locais ouvidos pelo GLOBO,que destacaram ainda outros indicadores positivos,que fazem de Milei um presidente amado pelo mercado e elogiado pelo Fundo Monetário Internacional: a queda expressiva da taxa de risco do país,da inflação e do dólar; o equilíbrio das contas fiscais; e os dados positivos,embora ainda tímidos,de reativação da economia.
A economista Marina dal Poggetto,diretora executiva da consultoria EcoGo,explica a euforia dos mercados por quatro fatores:
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— Temos previsão de encerrar este ano com superávit fiscal,pela primeira vez em 16 anos. O BC voltou a comprar reservas,a inflação passou de 25% ao mês,em dezembro do ano passado,para 2,7% em outubro,e o governo,apesar de ser minoria,está conseguindo aprovar projetos no Parlamento.
A taxa de risco do país,indicador da confiança dos mercados globais,passou de quase 2 mil pontos-base quando Milei assumiu,para 850 pontos no início de novembro. Com a progressiva liberação do câmbio,a diferença entre o dólar oficial e o paralelo hoje é mínima: estavam cotados ontem a 1.040 e 1.120 pesos,respectivamente.
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E a popularidade de Milei se mantém em um patamar relativamente alto. Pesquisa realizada mês passado pela consultoria Casa Tres mostra que a aprovação do governo passou de 42% em setembro para 49%.
Como a grande maioria de seus colegas,o economista Miguel Kiguel,da Econviews,concorda quando o presidente diz que a Argentina saiu da recessão. Ele ressalta,no entanto,que o nível de atividade econômica ainda é baixo:
— Uma coisa é deixar de cair,outra é dizer que a atividade recuperou o vigor do ano passado. A maioria dos setores econômicos ainda está entre 8% e 10% abaixo de 2023. Mas estamos subindo novamente,e em 2025 projetamos um crescimento de 5%.
Este ano,os economistas estimam que o PIB argentino sofrerá queda entre 2% e 3%,apesar da recuperação que começou a aparecer no segundo semestre. Em julho (7,5%),agosto (1,8%) e setembro (2,o Índice de Produção Industrial (IPI) medido pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec,o IBGE local),foi positivo frente ao mês anterior. No entanto,nos primeiros nove meses de 2024,o IPI acumula queda de 12% na comparação anual.
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Um dos últimos indicadores a se recuperar foi o consumo. Em outubro,segundo dados da Confederação Argentina da Média Empresa (Came),as vendas do varejo aumentaram 7,4% ante setembro. Foi o primeiro mês positivo do ano.
Entre janeiro e outubro,a Came estima uma queda do consumo de 13,2% frente o mesmo período de 2023. Nos supermercados,segundo o Indec,as vendas começaram a subir em agosto,que avançou 0,24% em relação a julho.
— Os salários se recuperaram,e em 2025 poderíamos crescer até 6%. No ano que vem,uma das questões fundamentais será o financiamento bancário para ajudar as empresas a se adaptarem e competirem — afirma o ex-ministro da Produção e diretor da Abeceb,Dante Sica.
Ele observa que,depois que quase de “transição”,há “uma mudança de expectativas muito fortes entre empresários e na sociedade.”:
— A recessão foi superada no segundo trimestre.
O analista Ivan Sasovsky,da Expansion Holding,concorda com Sica e considera que a conquista do superávit fiscal é “a coluna vertebral do governo”. Para ele,Milei derrubou “o fantasma de que dívidas só podem ser pagas com emissão monetária”:
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— Os países se apaixonam pelo déficit fiscal e a emissão monetária,que são mecanismos válidos para fazer políticas públicas,mas não são sustentáveis. Hoje existe um ambiente de confiança,com fundamentos.
O barco argentino,que vivia à beira do naufrágio,está “se acomodando”,ilustra Fernando Corvaro,CEO da Pampa Capital:
— Hoje somos o único país da região que tem superávit fiscal e o mercado acredita que isso será mantido.
Perguntado pelo custo social do ajuste,o economista,em sintonia com Milei,respondeu que “muito pior é ter um déficit fiscal alto,como a Argentina teve durante mais de 120 anos. Isso nos levou a ter 50% da população abaixo da linha da pobreza”. Corvaro afirma que,“no ano que vem,os mercados se abrirão novamente para a Argentina.”
No primeiro semestre de 2024,a taxa de pobreza da Argentina atingiu 52,9%,recorde dos últimos 20 anos. Nas classes média e baixa,o ajuste de Milei foi um tsunami. Setores como saúde,educação e cultura sofreram cortes orçamentários que levaram a uma onda de protestos.
— Hoje o número que dói é o da pobreza — diz Kiguel.