2024-11-30 HaiPress
Receita Federal apreende 276 kg de cocaína em carga de aves congeladas no Porto de Itaguaí — Foto: Receita Federal
GERADO EM: 29/11/2024 - 19:23
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A Receita Federal apreendeu 1,039 tonelada de cocaína no Porto de Itaguaí,na Baía de Sepetiba,o equivalente a 75% das apreensões de cocaína em quase todo o ano de 2023 nos portos do estado. O entorpecente tinha como destino a Serra Leoa,na África Ocidental,e estava em meio a uma carga de argamassa para assentamento de azulejo. Só no ano passado,quatro operações deflagradas entre janeiro e outubro,apreenderam mais de 1,5 tonelada da droga dentro de fardos de café,latas de tinta,carga de minério e contêineres.
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Uma investigação da Polícia Federal e da Receita Federal mostrou que a maior facção do Rio e outro grupo criminoso de São Paulo vêm usando o Porto de Itaguaí,para enviar drogas trazidas,principalmente,do Peru e da Bolívia para a Europa,África e até Oceania. O esquema teria a participação de empresários que,em galpões perto do cais,escondem a droga junto a produtos em contêineres que serão exportados. Antes,a carga ilícita passa um tempo em favelas do Rio,cidade considerada entreposto do tráfico internacional.
No fim do ano passado,agentes federais prenderam um suspeito de integrar a organização criminosa e cumpriram 25 mandados de busca e apreensão um dia depois de a Polícia Militar apreender 900 quilos de maconha na Nova Holanda,no Complexo da Maré,que estariam na rota para exportação. A carga foi avaliada em R$ 21 milhões. A investigação desse esquema começou com a Operação Nephelos,realizada em abril de 2021,em Itaguaí — muito antes da implementação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que tem como alvo impedir a passagem de armas e drogas por portos e aeroportos do Rio e de São Paulo.
Em 2021,agentes da Receita Federal encontraram 342 quilos de cocaína escondidos em toras de madeira dentro de um contêiner. Foi a primeira apreensão de droga no porto,aberto em 1982,o que chamou a atenção da Polícia Federal. O cais já era alvo de investigações,segundo fontes da Receita,por ser utilizado como base para a prática de contrabando de produtos piratas. Antes,o tráfico usava mais o Porto do Rio para escoar a droga.
— Eles começam a fazer remessa da droga por um ponto e,quando percebem que a Receita está fazendo apreensões,mudam a rota. Foi o que aconteceu nos portos. Os navios em si não são objetos de fiscalização da Receita,então a gente tem que ter uma investigação prévia para localizar esses produtos — explicou Ewerson Augusto,auditor fiscal da Receita Federal.
As toras recheadas de cocaína iam para a Espanha e depois para a Eslovênia,pelo Mar Adriático. Essa rota vem sendo usada pela facção do Rio,mas é alvo de cobiça dos bandidos paulistas,que têm como alternativa ficar com os pontos no norte da Europa. Os empresários que integram o esquema também já tentaram enviar drogas em cargas de mangas,minério,fardos de café e até aves congeladas.
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Em quase três anos,de 2021 até outubro de 2023,foram 2,5 toneladas de cocaína encontradas pelo setor de inteligência da Divisão de Vigilância e Repressão ao Contrabando e Descaminho da Receita Federal nos portos do Rio e de Itaguaí. Só de janeiro a outubro,quatro operações descobriram uma tonelada de cocaína em Itaguaí,um aumento de 279% em relação a todo o ano passado. Nesse período,as ações não localizaram contrabando de armamento em Itaguaí. No entanto,no Porto do Rio,foram apreendidas 1.330 armas.
Itens que não passaram pela Alfândega — Foto: Editoria de Arte
Para estancar esse comércio ilegal,o presidente Lula autorizou no início deste mês uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) apenas em portos,aeroportos e nas baías de Guanabara e Sepetiba. Além dos militares,PF,Polícia Rodoviária Federal,Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras estão atuando para impedir a entrada de armas e drogas no Rio e em São Paulo. A decisão do presidente foi tomada após a execução de três médicos por milicianos na Barra da Tijuca e o ataque a 35 ônibus,incendiados em Santa Cruz,na Zona Oeste do Rio.
De janeiro a outubro de 2023,mais de 1,5 tonelada de cocaína foi apreendida nos mais diversos tipos de cargas. Veja abaixo cada uma das apreensões realizadas pela Receita Federal.
Carga de minério no Porto do Rio: Em janeiro deste ano,a Receita Federal apreendeu 778 kg de cocaína em uma carga de minério no Porto do Rio de Janeiro. O trabalho foi resultado de gerenciamento de risco. A droga,que tinha como destino Luxemburgo,foi encontrada pelos cães de faro,que identificaram contaminação do contêiner.Carga de café no Porto de Itaguaí: Em fevereiro,a Receita encontrou 400 quilos de cocaína escondida em uma carga de fardos de café,em um contêiner,que tinham como destino a Espanha.Carga de aves congelada no Porto de Itaguaí: Em junho,agentes da Receita Federal,em ação conjunta com a Polícia Federal,apreendeu 276 quilos de cocaína,avaliada em R$70 milhões. A droga estava oculta em uma carga de 2.400 caixas contendo cortes de aves congeladas e tinha como destino a África do Sul,com uma parada no porto de Algeciras,na Espanha.Carga de tinta acrílica: Em outubro,agentes encontraram a droga que estava escondida em uma carga de 1.840 latas de tinta acrílica,distribuída em dois contêineres e tinha como destino a Austrália. Foram recolhidas 336 latas contendo 220 kg de cocaína. O valor total da apreensão foi de R$ 220 milhões.