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Após revés do PT nas urnas, Lula traça plano de aproximação com prefeitos para neutralizar bolsonarismo em 2026

2024-11-25 HaiPress

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva,em evento no Palácio do Planalto — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

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GERADO EM: 24/11/2024 - 21:01

Lula busca união de prefeitos para neutralizar bolsonarismo

Após resultados eleitorais desfavoráveis,Lula busca se aproximar de prefeitos de partidos diversos visando neutralizar o bolsonarismo em 2026. Estratégia inclui encontro com 15 mil gestores em Brasília para apresentar programas e financiamento. Tentativa de reduzir danos e desestimular apoio a adversários. Planalto enfrenta desafios para agilizar demandas e superar obstáculos na relação com os prefeitos. Iniciativa anterior com caravanas federativas foi vetada por partidos opositores.

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Com o PT apenas em nono lugar no ranking de prefeitos eleitos,o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara uma ofensiva para se aproximar dos mandatários de partidos de centro e da oposição e,consequentemente,pavimentar um caminho que possa resultar em alianças para o seu arco político em 2026.

O PT elegeu 252 prefeitos,resultado melhor na comparação com 2020,mas ainda distante do topo ocupado por PSD (887) e MDB (856). O PL,principal sigla da oposição,saiu das urnas com 516 chefes de executivos municipais,mais do que o dobro da sigla de Lula. Além disso,a legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro vai comandar quatro capitais,enquanto apenas uma terá um petista à frente. No mês passado,o presidente reconheceu que era necessário "rediscutir" o papel do PT após o desempenho eleitoral.

Prefeitos são cabos eleitorais relevantes para a eleição de deputados federais e senadores — o bolsonarismo já manifestou que dará atenção especial ao Congresso em 2026,especialmente ao Senado. Na tentativa de neutralizar o plano dos opositores,a estratégia do Palácio do Planalto inclui um grande encontro de 11 a 13 fevereiro do ano que vem,em Brasília.

O objetivo da "Marcha dos Prefeitos de Lula" é reunir 15 mil gestores (prefeitos,vices e secretários dos 5.570 municípios) no Centro de Convenções Ulysses Guimarães para apresentar programas do governo,políticas públicas e possibilidades de financiamento.

Haverá palestras,oficinas com assistência técnica para acesso a programas e sistemas do governo federal,painéis e estandes com os 38 ministérios representados. Há uma ideia,ainda inicial,de oferecer aos prefeitos a possibilidade de indicar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),com a intenção de prestigiá-los — e aproximá-los eleitoralmente.

O Planalto identificou também que existe uma crítica de prefeitos ao que consideram um excesso de burocracia para a contratação de obras,o que fez o governo elaborar mecanismos para acelerar o pagamento de recursos.

Os principais pedidos que chegam ao Planalto tratam de recursos para pavimentação,creches,escolas em tempo integral e Minha Casa,Minha Vida,além do agendamento de reuniões em ministérios como Saúde,Educação e Cidades. Procurada para comentar o viés eleitoral das ações,a Secretaria de Relações Institucionais não se manifestou.

Com essa movimentação,o governo tenta se aproximar dos prefeitos sem depender da Confederação Nacional de Municípios (CNM),entidade que representa mais de 5,2 mil municípios e organiza anualmente a Marcha dos Prefeitos,em Brasília,ocasião que os mandatários usam para pedir recursos a ministérios e parlamentares. A organização é comandada por Paulo Ziulkoski,visto com ressalvas por auxiliares de Lula pela relação próxima que manteve com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

— Quem tem o poder da caneta na mão,de conceder benefícios,forma uma pequena máquina partidária. Todos os prefeitos são bem recebidos,só que nada ou muito pouco acontece depois. Não é uma questão só do governo atual,mas de todos — critica Ziulkoski.

Redução de danos

Ao atender e levar adiante demandas de prefeitos que sejam identificados com Bolsonaro,articuladores políticos de Lula esperam desestimular que eles façam campanha a candidatos adversários ao governo pelo país em 2026. Na campanha mais recente,o Planalto avalia que já houve exemplos de "redução de danos". Um desses casos foi a campanha de Cristiane Muniz (PL),eleita prefeita de Urupema (SC). Embora tivesse fotos com o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro,optou por não utilizá-las na propaganda.

— Não usei (as fotos) de forma proposital. Meu intuito era ter uma postura mais agregadora. No meu estado (Santa Catarina),o governador é do PL (Jorginho Melo),com quem sempre falo. O presidente é Lula e preciso dele. Minha postura é essa porque preciso transitar bem e pensar na população — afirmou a prefeita.

Além dos adversários políticos diretos,prefeitos de partidos com vagas na Esplanada dos Ministérios também preocupam o entorno de Lula. São os casos de PSD,MDB,PP União Brasil. Ao mesmo tempo que integram a gestão petista,os partidos têm representantes pelo país alinhados ao bolsonarismo e relação próxima com parlamentares também pouco simpáticos ao PT. Além disso,apesar das tentativas de melhorar o acesso ao Planalto,mesmo aliados reconhecem a persistência de obstáculos.

— Algumas demandas dos prefeitos que demoram a ser processadas. O PAC foi lançado e ainda tem muita coisa que já está sendo assinada,mas precisava uma avançar ainda mais. O que precisa é diminuir o tempo de discussão do projeto,com aprovação,aceitação e o começo da obra — afirma o presidente da Frente Nacional dos Prefeitos,Edvaldo Nogueira (PDT),que comanda Aracaju e é aliado de Lula.

Caravanas com Padilha

Essa não é a primeira vez que o governo tenta essa aproximação com prefeitos. Desde o ano passado,Padilha vinha rodando o país com as “Caravanas federativas”,que também buscavam atrair políticos locais para o campo governista. Nos encontros,gestores,ministros,servidores das pastas e funcionários de bancos públicos se reuniam com prefeitos e secretários municipais para tirar dúvidas de políticas e apresentar ações de interesses regionais. Os eventos foram interrompidos em julho devido ao período eleitoral.

O objetivo oficial era facilitar o trabalho da burocracia local e destravar projetos,mas o cunho político-eleitoral era evidenciado nos discursos de autoridades,o que fez,por exemplo,o comando do PL vetar a presença dos seus filiados. O governo,no entanto,argumenta que os eventos tinham "caráter republicano".

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