2024-09-22 HaiPress
Michael Soares quer fazer do negócio uma vitrine para a comunidade — Foto: Ana Branco
GERADO EM: 22/09/2024 - 04:30
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Michael Soares tinha R$ 140 na carteira e o sonho de abrir um bar. Quando finalmente vagou um imóvel comercial em frente à sua casa,a poucos metros da quadra da Mangueira,o medalhista mundial em taekwondo não se intimidou: “Minha mãe me emprestou o cartão de crédito e falou para fazer o que quisesse. Só a pintura custaria R$ 4.500”. Reuniu,então,família,amigos e namorada para um mutirão. Em duas semanas,deram ao Manga Bar o visual verde e rosa que,de tão caprichado,logo começou a atrair admiradores. Inaugurado há apenas um mês,o lugar já recebe,em média,600 pessoas por dia,com as rodas de samba lideradas por músicos da comunidade e a cozinha de primeira,comandada por Dona Jô,mãe de Michael.
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No cardápio,estão receitas que ela aprendeu ao longo da vida,ao observar os familiares cozinharem: rabada,carne-assada,mocotó e até o clássico bife com batata frita. Por ora,o negócio abre de sexta a domingo e,aos fins de semana,tem a feijoada,cujo preparo é iniciado por Dona Jô com 48 horas de antecedência. “Como sou da área da saúde,sou contra sal e sódio”,avisa ela,que trabalha como enfermeira em dois hospitais da rede pública,mas se prepara para uma dedicação exclusiva ao bar diante do sucesso. “Faço comida com tempero e amor. As pessoas sempre saem satisfeitas. Muitas vêm me agradecer.”
Com afeto: Dona Jô faz receitas como rabada,feijoada e bife com fritas — Foto: Ana Branco
Uma mostra de como atmosfera familiar contagia os clientes,gente como o fotógrafo Filipi Darhlan,que aprovou a novidade. “No dia em que fui lá,até o céu estava cor-de-rosa”,diverte-se. “Vou à Mangueira o ano inteiro e achei ótimo ter mais um motivo para frequentar a região.”
Além de pegar o público pela boca,o bar também enche os olhos pela decoração que evoca a tradicional boemia carioca,com isopores revestidos com fitas adesivas e frases divertidas nas paredes. “Gosto muito de ver o Manga de fora. Às vezes,atravesso a rua e fico olhando para cá”,orgulha-se Michael. E o que ele sente diante da realização? “Medo. Conquistamos algo,e manter isso é desafiador. Ainda não estamos acostumados com o sucesso,mas sim com a batalha.”
Feita pelos proprietários,a decoração traz a tradição da boemia carioca — Foto: Ana Branco
A julgar pela mente inventiva do rapaz,é provável que essa ansiedade se esvaia. Ele planeja estender o funcionamento para “segunda a segunda”,no horário do almoço,e começar a programação noturna às quartas. Também vai adicionar uma roda de samba-enredo à agenda e promover encontros sobre empreendedorismo para a comunidade. Afinal,como ele diz,o morro inteiro é uma potência. “A Mangueira não pode se resumir só à quadra. Há muita coisa a se mostrar,e nosso bar é uma vitrine.”