Machado de Assis: painel gigante ocupa uma das fachadas da ABL,no Centro — Foto: Márcia Foletto

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GERADO EM: 21/09/2024 - 04:30

Painel Gigante Homenageia Machado de Assis na ABL,185 Anos do Autor Celebrados

A fachada da ABL recebe um painel gigante em homenagem a Machado de Assis,com obras de arte e atividades programadas para celebrar os 185 anos do autor. O mural é o 61º do projeto "Negro Muro",que destaca personalidades negras. A inauguração inclui mesa-redonda,música e um avatar do escritor para interagir com os visitantes. O projeto envolveu pesquisas e colaborações,além de um curso de formação de escritores das periferias.

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A fachada da Academia Brasileira de Letras (ABL),no Centro,ganhou um painel gigante com 150 metros quadrados de área em homenagem ao escritor Machado de Assis,fundador da casa. O mural é o 61º pintado pelo projeto “Negro Muro”,que prestigia personalidades negras do país. A intervenção artística,patrocinada pela Santafé Ideias e que será inaugurada oficialmente na segunda-feira,integra as comemorações dos 185 anos do autor de "Dom Casmurro". A inauguração faz parte de uma programação especial,que inclui uma mesa-redonda e apresentações musicais,além de outras ações.

— Entre os trabalhos que estamos fazendo sobre o Machado,há em curso uma iconografia dele,que começou a ser organizada pelo José Murilo de Carvalho e a Lília Schwartz está dando continuidade. Haverá ainda um estudo do Machado para definir sua árvore genealógica — enumerou Merval Pereira,colunista do GLOBO e presidente da ABL.

Além de um grande retrato do escritor,pintado à mão,com referências estéticas do Rio do século XIX,o mural contempla elementos pessoais da vida do autor,como sua paixão pelo xadrez,sua trajetória como tipógrafo,e a Rua do Ouvidor,que ele costumava frequentar e é citada cerca de cem vezes em sua obra. O trabalho foi idealizado e produzido pelo pesquisador Pedro Rajão,em colaboração com o muralista Cazé e com a assistência do artista César Mendes.

Inauguração do painel,na ABL,será na segunda-feira — Foto: Márcia Foletto

— O projeto Negro Muro já tem seis anos e Machado de Assis,por ser o cânone da nossa literatura e da universal sempre foi um nome que a gente quis pintar. Mas,queríamos fazer isso num lugar que fosse significativo e numa proporção que fosse minimamente coerente com o tamanho dele para nossa cultura. Por muito tempo mapeamos possibilidades na Ladeira do Livramento,onde ele nasceu,no Cosme Velho,onde viveu boa parte da vida dele e na própria Rua do Ouvidor,mas lá tem pouquíssimas paredes possíveis de serem pintadas. Esse muro da ABL,que é a casa de Machado de Assis,foi um lugar bem estratégico — avaliou Pedro Rajão.

Rajão contou ainda que para a elaboração do painel,além de suas pesquisas pessoais,recorreu à consulta de pessoas como a escritora Conceição Evaristo. o escritor e compositor Nei Lopes,alguns biógrafos de Machado de Assis,como João Cezar Castro,o escritor e pesquisador Luiz Antonio Simas e a cantora e compositora Teresa Cristina. Segundo o pesquisador,o trabalho envolveu uma verdadeira imersão na obra do homenageado.

A obra,inspirada em uma imagem do escritor encontrada nos arquivos da ABL,começou a ser pintada no dia 21 de agosto e foi concluída em seis dias,tendo sido interrompida algumas vezes pela chuva e op vento forte. Entre as ações programadas para acontecer paralelamente à inauguração do mural,se destaca o avatar do escritor,fruto de uma parceria entre a ABL,a agência de comunicação Santafé Ideias e a empresa de inteligência artificial Euvatar.

O dispositivo,de tamanho humano,está disponível para interação com os visitantes da ABL,comunicando-se em tempo real e respondendo a perguntas sobre a vida e a obra do escritor. Além disso,em colaboração com a Feira Literária das Periferias (Flup) e a Universidade das Quebradas da UFRJ,a instituição promoverá até outubro um curso de formação de escritores voltado para alunos das periferias,com foco na discussão do tema racial nas obras do autor de "Memórias Póstumas de Brás Cubas".

O Negro Muro é um projeto que busca fazer um mapeamento artístico da memória negra em murais públicos espalhados pela cidade. A iniciativa surgiu em 2018 e já se expandiu para diversas plataformas,incluindo séries de televisão,livros didáticos,pesquisas acadêmicas,palestras e outras.