2024-09-17 HaiPress
e-book cérebro em ação — Foto: Reprodução
GERADO EM: 17/09/2024 - 04:30
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Imagine estar dirigindo e não lembrar o caminho que faz todos os dias. Ou começar a assistir a uma série e não entender o enredo. Ou ainda fazer uma viagem e,dias depois,não se lembrar de nada… Essas são características da doença de Alzheimer,a forma mais comum de demência.
A cada 3 segundos,um novo caso de Alzheimer é diagnosticado no mundo. No Brasil,estima-se que 1,2 milhão de pessoas vivam com a doença,número que pode triplicar até 2050. O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que causa perda também progressiva das células neuronais,levado à atrofia.
A incidência da doença,que em geral acomete pessoas com mais de 65 anos,está aumentando,inclusive entre pessoas mais jovens. Segundo dados do estudo americano Global Prevalence Of Young-Onset Dementia: A Systematic Review And Meta-Analysis,mais de 3,9 milhões de pessoas em todo o mundo,com idades entre 30 e 64 anos,convivem com a doença de início precoce.
Em um cenário geral,segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS),mais de 50 milhões de pessoas vivem com demência no mundo e a estimativa é chegar a 150 milhões em 2025. No Brasil,mais de 1,76 milhão de brasileiros com mais de 60 anos convivem com o Alzheimer,com a previsão de chegar até 5,5 milhões em 2050,dados da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Apesar de não ter cura,já se sabe o Alzheimer começa a se formar cerca de 30 anos antes de aparecerem os primeiros sintomas.
— Estudos recentes trazem evidências cada vez mais concretas sobre a importância dos hábitos saudáveis para a prevenção do Alzheimer. Criamos o projeto Cérebro em Ação porque acreditamos que,por meio da educação e do autoconhecimento,é possível gerar o incentivo necessário para que as pessoas deem os primeiros passos em direção a mudanças significativas no estilo de vida —,afirma a endocrinologista Alessandra Rascovski,de São Paulo,idealizadora do Cérebro em Ação,projeto socioeducativo para a prevenção do Alzheimer,em parceria com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz).
Para ajudar as pessoas a saberem como andam seus índices de saúde,que controlados podem evitar ou atrasar o Alzheimer,acontece nos dias 21 e 22 de setembro,em São Paulo,a sexta edição do projeto Cérebro em Ação.
No sábado (21),Dia Mundial da Conscientização sobre a Doença de Alzheimer,haverá uma série de atividades gratuitas no parque Cândido Portinari (ao lado do Parque Villa-Lobos),ao redor da roda gigante instalada no local,que será iluminada com a cor da campanha Setembro Lilás de prevenção ao Alzheimer.
Entre 15h e 18h,serão realizadas ações de incentivo à prática de atividade física e bem-estar. Às 15h30,eu vou dar uma aula de Superioga,método desenvolvido a partir das posturas clássicas do Hatha Yoga (não precisa ser praticante). Em seguida,haverá prática de meditação e exercícios favoráveis ao cérebro.
Durante o período,serão distribuídos folders com informações sobre os fatores que podem influenciar no desenvolvimento da doença,além de um teste virtual,denominado Roda do Cérebro,com acesso via QR Code.
— O resultado do teste pode se enquadrar em três faixas: verde,que significa risco neutro,amarelo,que traz um sinal de alerta,e vermelho,que aponta urgência nos cuidados. Ao longo de longas pesquisas sobre o assunto,nota-se um aumento de 40% a 60% na incidência do Alzheimer por conta do estilo de vida — explica Alessandra.
No domingo (22),das 9h às 12h,a ABRAz,em parceria com o Cérebro em Ação,fará um evento em frente à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp),na avenida Paulista. Serão realizados exames como bioimpedância,aferimento de pressão,glicemia e teste olfativo,cuja jornada leva o nome de Circuito Cerebral. Serão entregues folders de conscientização,haverá aplicação do teste Roda do Cérebro e acontecerão roda de conversa sobre Alzheimer e outras demências com neurologistas e geriatras.
Para o Setembro Lilás,os voluntários do projeto prepararam um um e-book gratuito com informações e dicas práticas de como melhorar a memória e manter a saúde cerebral,além de o que fazer para prevenir o Alzheimer e com identificar os sintomas. O livro pode ser baixado no link https://www.cerebroemacao.com.br/ebook-mantendo-seu-cerebro-em-acao
O teste Roda do Cérebro está disponível em https://app.cerebroemacao.com.br
— Com ciência e atitude,o futuro do seu cérebro começa a ser definido agora — diz Alessandra Rascovski.
Hipertensão arterial É uma doença silenciosa: apenas cerca de 50% dos brasileiros sabem que têm pressão alta. Desses diagnosticados,somente metade faz tratamento. — Entre 50 e 75 anos,a pressão arterial ligeiramente elevada já aumenta em 45% o risco de demência. Meça a sua pressão regularmente a partir dos 40 anos.Deficiência auditiva Está associada à baixa reserva cognitiva. — Não escutar direito gera o isolamento do idoso. Por outro lado,o uso de aparelho auditivo pode até reverter o declínio cognitivo. O cuidado deve começar agora: evite usar fones de ouvido o tempo inteiro e fique atento ao volume.Obesidade — Obesidade é doença. Existe uma grande confusão entre obesidade e perda de peso por estética. Entre as mulheres,o fator de risco de aumento de peso acontece principalmente associado à menopausa.Diabetes Existe uma grande subnotificação dos casos: cerca de 50% das pessoas que têm a doença não sabem. É possível reduzir a glicemia com a diminuição do consumo se açúcar e produtos ultraprocessados e aumentos do consumo de legumes e hortaliças,ricos em fibras.Sedentarismo De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),47% dos brasileiros são sedentários. Entre os jovens,esse índice chega a 84%. Portanto,a hora de começar é agora,não importa a idade.Tabagismo — 14% dos casos de demência podem ser atribuídos ao tabagismo,não apenas cigarro: vape,rapé,tabaco,naguile. Há uma associação do fumo com a progressão do Alzheimer e piora de demência.Depressão — A depressão é considerada fator isolado de predisposição para o Alzheimer,com papel importante mesmo que o paciente não tenha nenhum dos outros fatores. Estudos mostraram que a cada 10 anos de depressão sem tratamento,20% do cérebro degenera.Isolamento social É fator de risco indireto para a perda auditiva e para a neuroplasticidade,a capacidade do sistema nervoso central de adaptar-se e moldar-se a novas situações. A interação social e o convívio regular com amigos e familiares é fundamental.Consumo excessivo de álcool — Acima de duas doses por dia há risco estabelecido de perdas cognitivas. Uma dose significa 14 gramas de álcool: 350 ml de cerveja,150 ml de vinho,40 a 45 ml de destilados. Poluição do ar Evite correr ou fazer esportes em locais de muito trânsito e cuidado com o fumo passivo. Baixa escolaridade na infância Quanto maior o número de anos estudados,maior a reserva cognitiva,ou seja,estudar (em qualquer idade) é um fator protetor para o cérebro. Traumatismos cranianos Pancadas na cabeça (em acidentes ou esportes,como futebol e boxe) podem causar lesão de massa encefálica,aumentando o risco de demência.Colesterol alto — O colesterol alto faz alterações vasculares,que é um fator de agravamento para as demências.Perda visual — Estudos sinalizam que o cuidado com a visão talvez tenha um impacto na prevenção de demências.