2024-09-14 HaiPress
Pablo Marçal filmado por integrantes de sua equipe durante evento de campanha em São Paulo — Foto: Maria Isabel Oliveira
GERADO EM: 14/09/2024 - 03:30
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O volume de menções ao ex-coach Pablo Marçal (PRTB) em grupos do WhatsApp está hoje em um patamar semelhante ao do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL),que foi eleito ao Planalto em 2018 tendo o aplicativo de mensagens como uma de suas principais plataformas de mobilização. Nesse ambiente,são mais comuns manifestações de apoio ao candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo do que gestos de endosso às críticas feitas por Bolsonaro ao ex-coach — raramente há apoio ao nome defendido pelo ex-presidente,Ricardo Nunes (MDB).
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Segundo ferramenta desenvolvida pela agência Palver e que monitora mais de 80 mil grupos públicos em diversos segmentos (de comunidades criadas para discutir política a chats que reúnem aficionados em Fórmula 1),Marçal é o candidato mais mencionado em mensagens de texto,imagens,vídeos e áudios compartilhados pelo aplicativo.
As menções ao ex-coach escalaram a partir de 24 de agosto,dia em que a Justiça Eleitoral suspendeu liminarmente os perfis nas redes sociais. Naquela data,a cada 100 mil mensagens enviadas nos grupos monitorados,350 incluíam o nome do candidato. Houve mobilização maciça para difundir o discurso de que Marçal seria um “perseguido político” e também para divulgar suas novas contas nas redes sociais.
A principal distinção entre o ex-coach e os demais candidatos,porém,não está na quantidade de citações no WhatsApp,e sim na forma como elas ocorrem. Enquanto as referências aos outros candidatos são mais frequentes em mensagens de texto,com Marçal há uma predominância de imagens e “cortes”,o mesmo modelo de vídeos editados que deram projeção ao ex-coach no Instagram e TikTok.
A rede de divulgação desses materiais inclui a operação de bots (usuários automatizados) e também é alimentada por usuários que,para além de serem apoiadores de Marçal,buscam engajamento com os vídeos do ex-coach. Há diversos anúncios para adquirir pacotes com centenas de “cortes” do candidato para utilizá-los como uma fonte de visualizações — os algoritmos de algumas plataformas privilegiam conteúdos de Marçal em detrimento ao de outros candidatos classificados como “políticos".
Nos grupos de WhatsApp,predomina o discurso de que Marçal é o candidato que melhor representa os chamados “patriotas”,assim como foi captado em pesquisa da USP no 7 de Setembro,na Avenida Paulista,onde 75% declararam ver o ex-coach como o nome mais identificado com Bolsonaro. Um dos organizadores daquela manifestação e que depois veio a criticar Marçal,o pastor Silas Malafaia tornou-se alvo dos marçalistas e é chamado no aplicativo de mensagens de ‘Silas Malacheia’.
O uso de apelidos maldosos se repete também nas referências a outros desafetos de Marçal. O candidato Guilherme Boulos (PSOL),por exemplo,é constantemente chamado de “Boules”,termo que o próprio ex-coach usou no debate realizado em 1° de setembro.
O psolista é o segundo candidato com mais menções nos grupos monitorados pela Palver,em sua maioria mais inclinados para a direita — esse segmento do eleitorado é mais afeito à organização pelo WhatsApp,conforme explica Luis Fakhouri,diretor de Estratégia da consultoria.
A acusação feita por Marçal de que Boulos seria usuário de drogas — jamais endossada por qualquer prova — é tema recorrente do conteúdo que circula no ‘Zap’,mas materiais em defesa do deputado federal começaram a ganhar espaço desde que Boulos teve direito de resposta concedido pela Justiça Eleitoral. Ainda assim,um vídeo editado em que o deputado aparece na animação “Galinha Pintadinha” repetindo a palavra “pó” volta e meia é reencaminhado no aplicativo de mensagens e ganha nova tração.
Fakhouri avalia que a propagação de fake news sobre os candidatos no WhatsApp ainda não atingiu o ápice na atual campanha,e projeta que isso deve ocorrer nos dias mais próximos da votação,quando houver menos tempo para que a verdade repare eventuais danos de imagem:
— As campanhas estão mais atentas ao tipo de ataque que produzem contra os adversários nesse momento da campanha,para não correrem riscos desnecessários. O eleitor,no geral,costuma decidir o voto na última semana. É nesse período que devemos aumentar a atenção para o surgimento de desinformação,uma vez que um dano de reputação na última hora pode impactar o resultado do pleito.
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