2024-09-08 HaiPress
"A pitaia é uma planta da família das cactáceas. É uma planta que poupa água,que sabe poupar bem água,o que é importante no Algarve,e que existe no Algarve e em Portugal há muitos anos,mas que é uma cultura recente para produção de frutos",disse à agência Lusa o professor da Universidade do Algarve Amílcar Duarte.
Esta fruta é originária de regiões da América Central e México,mas nos últimos anos é cada vez mais cultivada noutros continentes,com particular importância em países como Israel,Brasil ou China.
Amílcar Duarte,que também é investigador do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura Ambiente e Desenvolvimento (MED) lidera um projeto financiado pela União Europeia que instalou um campo experimental para estudar o fruto nos arredores de Vila Nova de Cacela,no concelho de Vila Real de Santo António.
"As conclusões a que chegámos no âmbito do projeto foi de que é uma cultura viável [no Algarve],é viável tanto em estufa como ao ar livre [...] desde que não haja geada",explicou o docente.
A produção do campo experimental,com cerca de 800 plantas,instalado em 2019,já é vendida,por exemplo,no mercado semanal de produtores de Olhão e tem conseguido enfrentar a concorrência de pitaia importada dos grandes produtores internacionais.
"É um fruto que é doce,é agradável. E é um fruto muito bom para a saúde. É um nutracêutico,[...],um alimento nutrítico e,portanto,tem interesse por isso. Atinge elevados preços e,é viável produzir no Algarve,vendendo a esses preços elevados",afirmou Amílcar Duarte.
A pitaia é um fruto característico de zonas tropicais e subtropicais e faz parte da família dos catos,sendo colhida no verão e início do outono.
O seu aspeto exterior leva a que também seja também conhecida como a "fruta do dragão",sendo o seu interior carnudo,constituído por sementes pretas,podendo apresentar cor branca ou vermelha. O seu sabor é doce e refrescante,havendo quem o compare com o da melancia.
Amílcar Duarte sublinhou a importância desta planta para as muitas pequenas explorações agrícolas do Algarve,proporcionando aos pequenos agricultores um rendimento elevado por unidade.
"Esta cultura tem despertado um interesse grande,porque é um fruto exótico,com uma aparência diferente daquilo a que nós estamos habituados e uma planta que poupa água",referiu o professor universitário.
Amílcar Duarte sublinhou que o interesse pela compra da pitaia tem aumentado pelos consumidores e também por parte dos produtores,que procuram "diversificar" a sua produção.
"É uma cultura que pelo facto ser benéfica para a saúde,pelo facto de,ao ser cultivada aqui,poder ter mais qualidade do que as frutas importadas. É uma cultura que tem condições para que os consumidores gostem cada vez mais dela,conheçam-na cada vez mais e a consumam" também cada vez mais,resumiu o académico.
A agrónoma Ana Rita Trindade,que explora o campo experimental,também não tem dúvidas em afirmar que a pitaia "é uma boa cultura para apostar",numa perspetiva de "diversificar" a produção e não a pensar em grandes extensões plantadas.
"Sim,agora,após cinco anos,acho que posso dizer que sim,que é uma cultura economicamente atrativa,porque os frutos são vendidos a valores relativamente altos",afirmou a agrónoma,quando questionada se aquela cultura é economicamente viável.
Vendida atualmente ao consumidor final a preços que podem ir até aos oito euros por quilo,Ana Rita Trindade também acredita que a longo prazo pode ser uma alternativa "muito interessante economicamente".
A lutar contra os preços muito competitivos da pitaia importada em grandes quantidades,a produtora defende que as plantas produzidas no Algarve são de melhor qualidade,visto terem mais tempo para amadurecer na árvore.
"Eu creio que esta é muito melhor porque esta é colhida muito mais próximo do ponto ideal de consumo do que a que vem importada de outros países",afirmou Ana Rita Trindade.
Por outro lado,a recetividade do consumidor português relativamente a um fruto ainda pouco conhecido tem vindo a crescer.
"Cada vez mais nos últimos anos nota-se que as pessoas já sabem consumir pitaia. Há uns anos não sabiam. É natural,nós próprios também não sabíamos muita coisa",disse a produtora,comparando a forma de comer uma pitaia à forma como se come uma melancia,bem "fresquinha".
Ana Rita Trindade referiu que "tem sido muito interessante ver a evolução das pessoas",que no início achavam que o fruto era "estranho",mas que agora torna os clientes estão "satisfeitos".