2024-08-27 HaiPress
Postagens de parlamentes da oposição utilizam imagem criada por Inteligência Artificial para atrelar os índices recordes de fogo ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — Foto: Reprodução/Redes sociais
GERADO EM: 27/08/2024 - 03:31
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O número recorde de incêndios em São Paulo e no Pantanal é alvo de críticas de parlamentares da oposição,que atrelam os índices elevados ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A expectativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama),vista como um cenário pessimista por técnicos do órgão,prevê até dois meses de crise por conta dos focos de calor.
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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ),filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL),derrotado por Lula em 2022,questionou “por onde anda a ministra do meio ambiente?” em postagem na rede social X na qual classifica a política ambiental do governo Lula como “de outro mundo”.
"A política ambiental de Lula é de outro mundo! Duvido você acertar",escreveu Flávio.
Em uma publicação do empresário Leandro Ruschel compartilhada por Flavio,a imagem do rosto de Lula é projetada em um cenário de incêndios em uma montagem criada por Inteligência Artificial. Essa estratégia de compartilhamento foi utilizada por bolsonaristas em outros casos de alta nos números de focos de calor no país,em 2023. A postagem também critica a gestão petista ao afirmar que “antes era tudo culpa de Bolsonaro,e agora é do aquecimento global”.
"Antes,era tudo culpa de Bolsonaro. Agora,é do "aquecimento global". E os canalhas falam isso com a maior naturalidade",diz a publicação.
Já a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) citou o posicionamento do governador de São Paulo,Tarcísio de Freitas (Republicanos),em relação às queimadas no estado para criticar Lula e Marina Silva.
O senador Marcos Pontes (PL-SP) cobrou “estratégias elaboradas e uma atuação mais eficiente” no combate ao fogo,além de comparar o empenho federal ao do governo paulista. O parlamentar ressaltou que Lula assumiu o terceiro mandato com a “promessa de defender as florestas” e fez “duras críticas ao antecessor”,mas “não dá para ter um belo discurso” sem ação.
"Lula assumiu o terceiro mandato com a promessa de defender as florestas,fez duras críticas à gestão ambiental de seu antecessor e colocou 'uma figura de renome internacional' para liderar uma das pastas mais importantes para o governo,o meio ambiente. Não dá para ter um belo discurso e boas intenções. É preciso agir,ter estratégias elaboradas e uma atuação mais eficiente",escreveu o senador.
O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) classificou como "piada" o pronunciamento de Marina sobre a crise,em que supostamente culpou "mudanças climáticas El Niño por recordes de queimadas na Amazônia".
O parlamentar carioca também afirmou que "se ainda estivéssemos em 2019/22,a culpa recairia única e exclusivamente em Jair Bolsonaro,não nas fantasiosas mudanças climáticas".
O ex-ministro Walter Braga Netto,por sua vez,compartilhou uma montagem com a imagem de um incêndio que faz referência ao partido do presidente Lula como forma de criticar os esforços federais no combate ao fogo.
Já o deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (Novo-SP) ironizou ao tratar da responsabilidade do governo pelo espalhamento da fumaça decorrente dos incêndios na Amazônia e no Pantanal pelo país.
"Tudo culpa do Bolsonaro...",escreveu Salles.
Lula e Marina se reuniram com funcionários do Ibama em Brasília no domingo para discutir e anunciar medidas para combater os incêndios no interior de São Paulo e em outros estados. Segundo Marina,a Polícia Federal já abriu 31 inquéritos entre Amazônia e Pantanal,além de dois em São Paulo.
— É uma verdadeira guerra contra o fogo e criminalidade — disse Marina: — Tem uma situação atípica. Você começa a ter em uma semana,praticamente em dois dias,vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa curva de experiência nesses anos de trabalho com fogo.
Ainda em sua declaração,a ministra relembrou o "Dia do Fogo". Em 10 de agosto de 2019,durante o governo de Jair Bolsonaro,produtores rurais da Região Norte do país teriam iniciado um movimento conjunto para incendiar áreas da Amazônia. A data foi classificada por ambientalistas como momento-chave na história recente da região.
Dados do período apontam que a partir de 10 de agosto houve um aumento substancial no número de focos de incêndio em diversas cidades da Região Norte,principalmente no estado do Pará. À época,a então procuradora-geral da República,Raquel Dodge,afirmou haver indícios de uma "ação orquestrada" para incendiar pontos da floresta.
— Do mesmo jeito que nós tivemos o 'dia do fogo',há uma forte suspeita de que agora esteja acontecendo de novo — analisou a ministra.
A ministra reforçou que Lula criou há mais de dois meses uma sala de situação para monitorar o problema de estiagem e fogo. Também informou a decisão do presidente de participar de reunião na Casa Civil,com mais de 20 ministérios e governadores dos estados atingidos para tratar dos focos de incêndio.
Marina também afirmou que os órgãos públicos estão dividindo os esforços para combater os incêndios e achar os culpados. Além de órgãos ambientais e Polícia Federal,integram os trabalhos ministérios como Casa Civil,Ministério da Defesa e o Ministério da Justiça.
— Cada um tem uma função específica nesse processo para apagar o fogo — disse Marina.
Durante o encontro,na sala de monitoramento do Ibama,Lula falou sobre a temporada de queimadas.
— Depois que ele se propaga... Eu fui uma vez com a Marina (Silva,ministra do Meio Ambiente) em Roraima,no Amapá. A gente acaba de apagar o fogo,você vira as costas ele volta maior ainda. Aí,você apaga outra vez e ele volta outra vez — disse Lula.