2024-07-27 HaiPress
Os dois temas prioritários para o Brasil,que assume este ano a presidência temporária do fórum que reúne as maiores economias do mundo,foram mencionados em secções diferentes de dois dos documentos,disse o ministro brasileiro da Fazenda,Fernando Haddad,na conferência de imprensa que deu no final da reunião.
O ministro descreveu estas menções como "vitórias importantes",porque durante dois anos e meio,com o início da guerra na Ucrânia no início de 2022,os ministros das Finanças do G20 não emitiram qualquer declaração de consenso ou comunicado conjunto.
No Rio de Janeiro,porém,foi adotado o comunicado final da reunião ministerial,que reflete as diferentes preocupações dos membros do fórum,bem como uma declaração sobre cooperação fiscal,que incluiu a proposta brasileira de um imposto universal sobre a riqueza dos super-ricos.
A adoção dos documentos só foi possível porque o Brasil,como presidente temporário do fórum,emitiu um terceiro comunicado especificando as divergências dos membros do grupo sobre questões geopolíticas,especialmente as guerras na Ucrânia e em Gaza.
Quanto ao apoio do G20 ao imposto sobre os super-ricos,Haddad disse que foi histórico e uma "vitória moral" para o Brasil.
"Do ponto de vista moral,é muita coisa as 20 nações mais ricas considerarem que temos um problema,e que a tributação tem que ser progressiva sobre os pobres,não sobre os ricos,o que é uma distorção completa do princípio da progressividade",afirmou.
De acordo com um estudo encomendado pelo Brasil,se os cerca de 3.300 bilionários do mundo pagassem o equivalente a 2% da sua riqueza em impostos,poderiam ser arrecadados anualmente entre 200 e 250 mil milhões de dólares.
Haddad disse ainda que o Brasil iniciou conversas paralelas com um grupo de trabalho da ONU sobre tributação justa e com membros da OCDE sobre possíveis formas de implementar o imposto.
O comunicado ministerial,que também inclui menções ao imposto,destaca principalmente a preocupação do G20 com a luta contra a pobreza,a fome,a desigualdade,o endividamento dos países mais pobres e a crise climática,bem como seu interesse em reformar os bancos multilaterais de desenvolvimento.
Quanto à Aliança Global contra a Fome e Pobreza,uma iniciativa lançada na quarta-feira pelo Presidente brasileiro,Lula da Silva,numa outra reunião ministerial do G20,o fórum expressou a necessidade de lhe oferecer apoio técnico e financeiro.